Igreja: Presidente da Conferência Episcopal queria despedir-se com plano de renovação pastoral

Relações com os governos «não foram fáceis em alguns aspetos», recorda D. Jorge Ortiga

Lisboa, 02 mai 2011 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, queria deixar o cargo com a apresentação das conclusões do plano de renovação pastoral da Igreja Católica, iniciado em 2010.

“Estava previsto que o documento final do projeto ‘Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal’ fosse aprovado em maio. Era um gosto que esse processo terminasse o meu mandato”, afirmou o prelado em entrevista concedida à ECCLESIA no mês de dezembro.

“O grande objetivo é que na assembleia plenária da Conferência Episcopal de novembro de 2011 seja aprovado um Plano Pastoral da Igreja em Portugal, com duas ou três ideias muito concretas que depois cada diocese concretizará de acordo com as suas características específicas”, explicou.

A 177.ª assembleia plenária do órgão colegial, que entre hoje e quinta-feira reúne em Fátima os bispos de Portugal, assinala para o arcebispo de Braga o fim de dois mandatos consecutivos de três anos, que de acordo com a legislação canónica obrigam à eleição de novo presidente.

O arcebispo primaz sinalizou a existência de uma “tendência conservadora” que “continua bastante forte em alguns setores da Igreja”, a par de “pessoas isoladas e pequenos grupos” para quem a ação pastoral passa “somente por algumas devoções”.

Jorge Ortiga, de 67 anos, recordou que as relações com os Governos “não foram fáceis em alguns aspetos”, nomeadamente quanto à regulamentação da Concordata, tema que deveria ter suscitado “mais diálogo” e “participação” dos bispos na redação do texto.

Referindo-se à relação entre os membros do episcopado português, o presidente da CEP salientou a “unidade que existe entre todos os bispos”: “Ninguém pode dizer que, na Igreja em Portugal neste momento, há partidos ou frações”, assinalou.

O mandato do prelado foi também marcado pela criação, em 2010, do Fundo Social Solidário, criado pela Caritas Portuguesa com o propósito de acorrer aos mais necessitados através de donativos e iniciativas de qualificação profissional.

Para o presidente da CEP, as respostas sociais dadas pelos centros paroquiais são “fundamentais” mas não chegam: “A caridade é muito mais do que isso: é feita de atenção, de silêncio, de tempo. Se é importante o dar, é muito mais importante o dar-se. A lógica do dom, da gratuidade, é um princípio da renovação da sociedade”.

A visita do Papa a Portugal, de 11 a 14 de maio de 2010, foi para Jorge Ortiga “um acontecimento histórico” e ocasião para provocar “uma reflexão profunda na Igreja em Portugal”.

A viagem, acrescentou, “serviu para que desaparecessem clichés” sobre Bento XVI e sublinhou a “dimensão profética” de Fátima “para o mundo e para a Igreja”.

RM

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