Igreja/Portugal: Responsáveis nacionais debateram proteção de menores no contexto da catequese e aulas de EMRC

Grupo VITA, criado pela Conferência Episcopal, apresentou propostas para «redes de cuidado e de acompanhamento»

Foto: SNEC

Fátima, 08 jul 2023 (Ecclesia) – A coordenadora do Grupo VITA, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reuniu-se hoje com professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), em Fátima, sublinhando que podem ser, na escola, a figura do “adulto de confiança”.

“Sabemos que muitas crianças vão ter convosco e é importante que estejam capacitados e que saibam o que fazer. O nosso trabalho é a de vos ajudar a trabalhar com as crianças e os jovens para que percebam o que é o abuso e como apoiar”, afirmou Rute Agulhas, numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC)

Presente na reunião de Secretariados Diocesanos de EMRC, a responsável por esta equipa interdisciplinar dedicada à proteção de menores convidou os docentes a procurarem “capacitar-se com formação e informação”.

“Sabemos que os alunos escolhem os professores de EMRC pelo ambiente de empatia que as aulas proporcionam e pelos temas que abordam”, desenvolveu.

Rute Agulhas foi acompanhada em Fátima por Joana Alexandre, membro do grupo executivo do VITA,  a aqual adiantou que equipa tem disponíveis “vários recursos ao nível da prevenção, para os alunos e com formação para professores e demais educadores nas escolas”.

Rute Agulhas reafirmou a ideia de que a tarefa do Grupo é gerar redes de cuidado e de acompanhamento, “com as Comissões Diocesanas, a CIRP, os Escuteiros e a própria Direção Geral da Educação”, para evitar “que possa haver alguém que não saiba como prevenir e intervir”.

Num momento de partilha, entre os vários intervenientes, Bento Aguiar, coordenador da EMRC do Serviço Diocesano da Pastoral Escolar nos Açores, afirmou que a própria disciplina “abre caminhos para as questões da sexualidade e dos afetos”.

“Ao longo destes já quase 30 anos são muitas as situações em que os alunos, a partir das aulas e dos vários conteúdos, abordam a questão dos abusos em várias escalas. Também por isso, e como professor de EMRC estou próximo da Comissão de proteção de crianças e jovens da região autónoma, para prevenir e denunciar sempre que é necessário”, explicou.

Os participantes acordaram a criação de um inquérito para verificação das necessidades e um primeiro “patamar formativo e informativo”, com ações pontuais online, informa o SNEC.

Já esta sexta-feira, as representantes do Grupo VITA estiveram reunidas com os responsáveis pelo setor da Catequese, nas dioceses católicas, para debater iniciativas ligadas à proteção de menores.

Rute Agulhas, indica o comunicado enviado à Agência ECCLESIA, expressou o desejo de que “o trabalho em rede e sustentado em vários patamares de formação e intervenção” permita “devolver à consciência coletiva” a ideia de que as comunidades cristãs são “lugares seguros”.

“Que os seus milhares de crentes possam dizer que sabem exatamente do que fala, quando se abordam estes temas e se está atento e atuante”, completou a responsável.

A nota do SNEC precisa que o encontro permitiu apresentar diferentes projetos e propostas para “criar redes de cuidado e de acompanhamento para os menores e os adultos vulneráveis”.

O VITA é um grupo de acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis, no contexto da Igreja Católica em Portugal, criado pela CEP na Assembleia Plenária de abril deste ano.

O organismo tem o objetivo de, “em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional, desenvolver uma ação que contribuirá para capacitar, ainda mais, o valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”.

Foto: SNEC

O encontro dos responsáveis diocesanos abordou ainda a proposta de catequese para o 3.º e 4.º tempos no pós-JMJ Lisboa 2023.

“Temos de envolver todos os agentes neste processo para que em conjunto sejamos capazes de responder a este desafio que é, antes de mais formação da fé dos mais novos. Precisamos de envolver as comunidades, famílias, os catequistas, e aqueles que estão ligados a isto”, disse aos participantes o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, D. António Augusto Azevedo.

O bispo de Vila Real, citado pelo SNEC, apelou a um” trabalho conjunto”.

“Para além dos materiais para os quatro tempos propostos pelo itinerário, precisamos de dar atenção à catequese dos adultos pois temos cada vez mais adultos sem a iniciação à fé cristã e que precisam de maior atenção e investimento”, desenvolveu.

O responsável católico espera que a Jornada Mundial da Juventude permita que “muitos se interroguem acerca de si, do seu lugar de pertença e da sua fé”.

“Temos que criar espaços, nas comunidades cristãs, para este acompanhar da formação da fé de modo continuado”, apontou o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé.

OC

Notícia atualizada às 12h34

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