Igreja/Portugal: Inteligência e iluminação sobre a realidade são marcas que D. José Policarpo deixa

Colega de seminário e de trabalho pastoral, cónego Carlos Paes diz que patriarca emérito gostava de se «aproximar» das pessoas

Lisboa, 13 de mar 2014 (Ecclesia) – O cónego Carlos Paes sublinhou hoje a inteligência de D. José Policarpo, falecido patriarca emérito de Lisboa, e capacidade de “apanhar as realidades, focando o essencial e abrindo perspetivas”.

“D. José foi um homem que se distinguiu sempre pela inteligência, no seu sentido etimológico, ou seja, na capacidade de ler por dentro. Olhava para a realidade, pensava e iluminava com uma forma de pensar sempre inspirada na teologia e na palavra de Deus, o que lhe permitia uma serenidade grande e uma coragem na forma de encarar a problemática”, afirmou à Agência ECCLESIA o pároco da Igreja de São João de Deus, em Lisboa, e colega do cardeal.

D. José Policarpo faleceu esta quarta-feira, aos 78 anos, vítima de aneurisma na aorta.

Colegas no Seminário do Cristo rei dos Olivais, em Lisboa, onde se cruzaram, “apesar de D. José ter entrado um ano antes”, trabalharam juntos durante 18 anos, “numa colaboração muito fecunda”, gerando uma “amizade que se estreitou porque trabalhamos lado a lado, onde muitas vezes fui o seu braço direito”.

Contactado via telefone a partir de Cabo Vede, onde se encontra, o pároco de Lisboa lembra a marca que D. José Policarpo, enquanto vice-reitor no seminário de Penafirme, reitor do Seminário do Cristo Rei dos Olivais e na Universidade católica Portuguesa, primeiro enquanto professor e depois como magno chanceler daquela instituição, deixou nos sacerdotes desta diocese.

“Foi um privilégio conviver com uma pessoa destas, que acima de tudo era um homem de Igreja. A sua serenidade, devido talvez à sua inteligência, transparecia e permitia-lhe tomar decisões corajosas e lúcidas”, refere.

O também deão do Cabido (colégio dos cónegos) foca a “mundividência cristã” e uma “nova forma de abordar a teologia dogmática”.

Na amizade, D. José Policarpo “era uma pessoa que gostava de se aproximar, embora às vezes pudesse parecer um pouco alheado, não era”.

“Muitas vezes mergulhava nos seus pensamentos ou então era atormentado pelas suas enxaquecas, foi um mal que o acompanhou sempre que o conheci”, recorda.

D. José Policarpo deixa um “património escrito para quem quiser conhecer melhor o seu pensamento”.

As exéquias do cardeal, presididas pelo patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente, vão ser celebradas esta sexta-feira, às 16h00, na Sé Patriarcal, seguindo depois o corpo para o Panteão dos Patriarcas, em São Vicente de Fora.

O corpo do cardeal vai chegar hoje à Sé de Lisboa, pelas 15h00, permanecendo em câmara ardente.

LS

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