Igreja/Portugal: Grande desafio é transmitir a fé numa sociedade em rutura

D. Manuel Clemente fala sobre a necessidade de garantir uma «real experiência comunitária» a poucos dias de participar no Sínodo dos Bispos

Porto, 04 out 2012 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, defendeu hoje que o grande desafio que se levanta à Igreja, em matéria de evangelização, é conseguir transmitir a fé no meio de uma sociedade em rutura.

“Sendo a descoberta do Ressuscitado essencialmente comunitária, nas famílias, paróquias e demais agregações cristãs, como havemos de a proporcionar no atual contexto, tão disperso?”, questiona o bispo do Porto, numa mensagem enviada à Agência ECCLESIA.

Prestes a partir para Roma, onde irá participar no Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização, o prelado salienta que os responsáveis pelo anúncio da Palavra de Deus deparam-se atualmente com um “contexto sociocultural profundamente alterado em relação ao que prevalecia décadas atrás”.

“A uma vida mais concentrada territorial e mentalmente, sucedeu a dispersão dos percursos profissionais e pessoais; à integração comunitária de tradições familiares e religiosas, sobrepôs-se uma possibilidade real ou virtual de fazer cada um o seu caminho por necessidade ou gosto, ou a gosto induzido pelo marketing alheio”, aponta.

Vencer aquele que será “o ponto mais complexo” da ação pastoral da Igreja pressupõe, segundo o representante episcopal, a criação de condições junto das paróquias para uma “real experiência comunitária”, que “fecunde e garanta” uma boa receção à mensagem “de Cristo e do Evangelho”.

Neste campo, D. Manuel Clemente recorda “as palavras do Papa Wojtyla”, João Paulo II, contidas na exortação apostólica pós-sinodal Christifideles Laici, de dezembro de 1988, que considerava “urgente refazer em toda a parte o tecido cristão da sociedade humana”.

Depois de consolidar as bases de cada comunidade, é preciso garantir ainda um boa ligação entre todas elas, dentro do espaço diocesano, “não só pela grande escassez de sacerdotes como também pela aludida deslocalização física e mental”, acrescenta o bispo do Porto.

Segundo o mesmo responsável, o que João Paulo II definiu como “formas institucionais de cooperação entre paróquias de um mesmo território” começa a ganhar forma no nosso país, através da projeção de “unidades pastorais” em dioceses como Porto e Bragança-Miranda.

Uma “experiência” que D. Manuel Clemente conta partilhar com responsáveis eclesiais vindos das mais diversas partes do mundo, durante a 13ª assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer entre os dias 7 e 28 deste mês, no Vaticano, subordinada ao tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

Além do vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o encontro contará com a presença de D. António Couto, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja Católica.

JCP

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