Igreja/Portugal: Estatística das vocações ao sacerdócio contraria «visão fatalista» que vinha a ganhar forma

Padre José Alfredo da Costa, secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, da Conferência Episcopal Portuguesa, apresenta números relativos a janeiro de 2019

Lisboa, 22 fev 2019 (Ecclesia) – A Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), da Igreja Católica em Portugal, publicou os dados mais recentes do número de alunos nos Seminários, que indicam um crescimento significativo relativamente aos últimos anos.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o secretário da CEVM destaca uma estatística que representa para a Igreja Católica “uma esperança”, no meio de uma certa “visão fatalista” diante dos casos mediáticos em que tem estado envolvida, mas significa também “um desafio para que a formação seja cada vez mais eficaz”.

“Se há jovens que continuam a confiar na Igreja, nós temos que merecer esta confiança e naturalmente tem que aprimorar a sua formação sobretudo em duas dimensões: a humana e afetiva e depois na formação permanente, contínua, que no passado por vezes ficou um pouco esquecida”, realça o padre José Alfredo da Costa.

A Estatística Nacional dos Seminários, atualizada até janeiro de 2019, compreende um arco que vai desde o Pré-Seminário aos Seminários Menores, aos alunos do chamado Ano Propedêutico, aos Seminários Maiores e aos Seminários Redentoris Mater, do Movimento Neocatecumenl.

A análise, que se estendeu às 20 dioceses do país, permitiu verificar que existem atualmente 580 adolescentes, jovens e adultos a frequentarem as diversas instituições formativas e vocacionais da Igreja Católica no país.

O número é mais elevado quando são tidos em conta os alunos provenientes de dioceses estrangeiras, passando para 595.

Em 2012, a estatística nos Seminários era de 474 alunos, o mínimo do século XXI, mas desde então o número de candidatos voltou a crescer e a aproximar-se de dados de outras épocas, como em 2000, quando o total era de 547.

“Os frutos veremos depois mais dentro de alguns anos, é preciso confirmar com o número das ordenações e outros aspetos, que é um trabalho que também estamos a fazer mais ainda não está em altura de ser publicado”, ressalva o secretário da CEVM, que, no entanto, considera estes indicadores já “um ganho” para a Igreja Católica em relação ao “investimento das dioceses”.

Aquele responsável cita de modo especial os 258 elementos que estão em caminhada no Pré-Seminário, a primeira fase da formação vocacional.

“O trabalho desta realidade, do Seminário em Família, implica equipas de pessoas, atividades, logística, e nesse sentido é um dado importante, porque significa que as dioceses estão a investir neste trabalho da pastoral vocacional, o que é muito bom”.

No que toca à realidade de cada diocese, Lisboa (109), Porto (89) e Braga (62) permanecem como os territórios com mais prevalência de vocações, seguidas de perto por congéneres como Angra (47), Aveiro (46), Setúbal (40) e Viana do Castelo (40).

Um dos desafios da CEVM é trabalhar no sentido de favorecer a dinamização de mais vocações em regiões mais desertificadas ou do interior, como a Guarda e Portalegre-Castelo Branco (2), o Algarve e Viseu (5).

O padre José Alfredo recorda que estas dioceses eram historicamente “dioceses com muitas vocações”.

“Como não seria necessário um trabalho vocacional, estas dioceses foram estagnando nessa dimensão e agora é preciso fazer um trabalho de atualização da promoção vocacional, reconstruir esse trabalho”, considera o sacerdote.

O papel dos Seminários Redemptoris Mater, de instituição diocesana mas que segue a linha do Caminho Neocatecumenal e conta com candidatos vindos da Índia, por exemplo; ou a vinda de alunos de dioceses estrangeiras – neste caso 15 provenientes da Ucrânia, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Moçambique – também surge em destaque na Estatística Nacional dos Seminários.

“Acreditamos que é um ganho para a Igreja em Portugal, até porque resulta na vinda de pessoas de diversas proveniências, de diversas geografias missionárias, que certamente trarão para a Igreja em Portugal desafios de integração dessas pessoas, na nossa pastoral, e elas próprias trarão outras dinâmicas, conhecimentos, experiências”, completa o padre José Alfredo da Costa.

JCP

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