Igreja/Política: D. Manuel Clemente convida responsáveis a decidir «em consciência» e em favor do «bem comum»

Cardeal-patriarca espera que «admiração» pelo Papa e a profissão de valores cristãos se concretizem na vida política

Lisboa, 29 out 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca disse hoje que as decisões sobre o novo Governo foram tomadas “em consciência” pelo presidente da República, esperando que todos os responsáveis político o façam, em favor do “bem comum”.

“[Cavaco Silva] Tomou a decisão [que achou] que devia tomar, ele é um protagonista muito importante da vida política. Há outros protagonistas – a Assembleia da República, os tribunais, as instituições em geral: tomem também as suas posições em consciência e sempre tendo em vista o bem comum”, apelou, em conferência de imprensa que decorreu no Patriarcado de Lisboa.

O presidente da República recebeu esta terça-feira, em audiência, o primeiro-ministro indigitado, Pedro Passos Coelho, tendo dado o seu acordo à proposta de constituição do XX Governo Constitucional, que não tem maioria absoluta no Parlamento.

Questionado sobre esta decisão, o patriarca de Lisboa sustentou que Aníbal Cavaco Silva fez a “leitura” da atual situação “que em consciência achou que devia fazer”.

D. Manuel Clemente sustentou que aqueles que se dizem católicos, “em todas as forças políticas”, e os que confessam a sua admiração pelo Papa Francisco devem apresentar propostas inspiradas nestes valores.

“Se há, neste momento e na sociedade portuguesa, em todas as forças políticas pessoas que se dizem admiradoras do Papa Francisco e até católicas, levem isso à consequência, na perspetiva partidária de cada um, que é legítima”, sublinhou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

O cardeal-patriarca realçou que em todos os quadrantes tem havido pessoas que “valorizam muito o que o Papa Francisco tem dito, tem feito”

“Tomem mesmo em conta, em devida conta e aplicação concreta o que o Papa Francisco tem dito”, pediu.

Nesse sentido, recordou os “grandes princípios” da Doutrina Social da Igreja  – dignidade da pessoa humana, bem comum, solidariedade e subsidiariedade – e da “ecologia integral” apresentada pelo Papa na sua encíclica ‘Laudato si’.

A concretização destes princípios exige o “respeito ativo por tudo aquilo que é da ordem da criação, dos mais pequenos seres à própria pessoa humana”, e a “defesa da vida, desde a gestação à morte natural”.

O presidente da CEP não se mostrou preocupado com a perspetiva de um governo de coligação com partidos de esquerda, observando que “a vida política portuguesa nos últimos 40 anos tem tido vários protagonistas de direita, de centro e de esquerda, faz parte da sociedade democrática”.

A Igreja Católica, prosseguiu, defende princípios de que não abdica, como a “dignidade de toda a pessoa humana, uma dignidade ativa, a dignificação em condições de vida, a começar pela própria vida garantida em todas as suas fases”.

D. Manuel Clemente desejou que seja conseguido o “desenvolvimento integral” de todas as pessoas.

O responsável começou por recordar a posição tomada pelos bispos na última assembleia plenária da CEP, em abril, quando aludiram à necessidade de “a sociedade portuguesa assentar numa base comum de valores sociais e humanistas”.

O documento enumerava “causas essenciais” como o respeito pelo bem comum, pelos princípios da solidariedade e da subsidiariedade, pela vida empresarial criadora de trabalho e da riqueza, pela justa promoção social dos pobres, pelo apoio aos mais frágeis, em particular os nascituros, às mães gestantes e às famílias.

Outras preocupações enunciadas foram a salvaguarda da vida humana em todas as suas fases, a valorização da vida familiar e da educação dos filhos, o trabalho e o emprego, a saúde e a segurança social, o acompanhamento dos que emigram, a integração dos imigrantes e o diálogo sociocultural inclusivo.

OC

Notícia atualizada às 15h00

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top