Igreja/ONU: Vaticano pede «mais» à comunidade internacional na proteção das minorias religiosas

Representante diplomático da Santa Sé lembrou em Nova Iorque que este se trata de um problema «global»

Cidade do Vaticano, 23 set 2017 (Ecclesia) – O secretário do Vaticano para as Relações com os Estados frisou junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, que a ação da comunidade internacional na proteção das minorias religiosas tem de ir além da “mera prevenção”.

Numa intervenção publicada hoje pela sala de imprensa da Santa Sé, e feita durante uma assembleia da ONU dedicada a esta matéria, o arcebispo Paul Gallagher salientou que “a proteção das minorias religiosas é, de facto, uma das mais urgentes responsabilidades da comunidade internacional, neste tempo”.  

O representante diplomático da Santa Sé recordou que, cada vez mais, “a guerra e os conflitos servem de desculpa para a perseguição às minorias religiosas” e para a concretização de “outros crimes contra a humanidade”.

Como “a violência física e sexual, a subjugação, a detenção sob falsos pretextos, a apropriação indevida de propriedades, a escravatura, o exílio forçado, o assassínio, a limpeza étnica”.

Neste contexto, aquele responsável exortou a ONU e a comunidade internacional a ir mais longe, a intervir na “raiz das causas de discriminação e perseguição” e a reforçar a “defesa e proteção da dignidade humana, do direito à vida, da liberdade de consciência e religião” nos vários países, em todo o mundo.

Com recurso aos dados do relatório anual da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, o arcebispo frisou que o fenómeno da perseguição às minorias religiosas não é exclusivo do “Estado Islâmico” ou “isolado numa só região”.

Aquele documento mostra que “38 dos 196 países do mundo mostram sinais evidentes de violações significativas à liberdade religiosa, 23 dos quais configurando situações de perseguição efetiva”.

“O que isto nos alerta é que os ataques contra as minorias religiosas são uma realidade global, com os cristãos a permanecerem no topo das comunidades mais perseguidas”, apontou D. Paul Gallagher, que depois deixou alguns “elementos essenciais” a salvaguardar, para a resolução desta “crise”.

Em primeiro lugar o desenvolvimento de ações decisivas para a “construção da paz” nos países de conflito, onde “não basta apenas reconstruir casas”, embora isto também seja uma ajuda “decisiva”, como está a acontecer na Planície de Nínive, no Iraque.

Depois, leis que garantam a “igualdade” de direitos das pessoas, independentemente da religião que professem.

“Um Estado capaz, que trabalha para o bem comum, é um requisito essencial para a proteção das minorias religiosas e do seu futuro”, sustentou.

No campo das sugestões, o representante da Santa Sé apontou ainda a necessidade de uma maior colaboração entre as religiões, a começar nos seus líderes, um diálogo que combata o “fundamentalismo”; uma maior aposta na “educação” das novas gerações; e o “bloqueio ao circuito de dinheiro e de armas” que alimenta os conflitos e, por conseguinte, também ameaça as minorias religiosas nos países em guerra.

“Pôr um fim às atrocidades depende não apenas da capacidade de contrariar o ódio e os cancros do coração que alimentam a violência, mas também tirar de cena os instrumentos através dos quais o ódio se transforma em violência”, concluiu.

JCP

 

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