Igreja no Festival de Cinema de Veneza

Júri da Signis, que incluiu a professora de cinema Inês Gil, distinguiu o filme “Meek’s cutoff”, da norte-americana Kelly Reichardt

A professora de cinema Inês Gil marcou a estreia de Portugal no júri Signis do Festival de Veneza, uma das mais importantes mostras internacionais da 7.ª arte, que decorreu entre 1 e 11 de Setembro.

A participação da docente universitária na 67.ª edição do certame, inserido na Bienal daquela cidade italiana, contou com o apoio dos secretariados nacionais das Comunicações Sociais e da Pastoral da Cultura.

A delegação da Signis (Associação Católica Mundial para a Comunicação), composta por sete jurados da Europa, Ásia e América Latina, atribuiu o primeiro prémio ao filme “Meek’s cutoff” (“O atalho de Meek”), da realizadora norte-americana Kelly Reichardt.

Confiança, suspeita, comunicação, procura e caminho são alguns dos temas sugeridos pela obra, que evoca um dos mais importantes relatos bíblicos: a viagem no deserto que começou com a saída do povo hebreu do Egipto e terminou com a chegada à terra prometida por Deus.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Inês Gil considerou que o filme é “profundamente religioso”, ainda que a realizadora não tenha relevado essa dimensão: “Tenho a impressão que ela continua a ser um bocadinho tabu no cinema”, assinalou a docente.

“Meek’s cutoff” também se detém na questão do tempo: “É preciso tempo para fazer um pouco de comida. É preciso tempo para arranjar um sapato. O tempo é o que nos vai permitir esperar, sentir e viver as coisas. É um aspecto que tem muito a ver com a fé e a espiritualidade”, referiu a docente.

A Signis decidiu igualmente distinguir com uma menção honrosa o filme “Silent souls” (“Almas silenciosas”), do russo Alexei Fedorchenko, que também ganhou o prémio de melhor fotografia.

Para Inês Gil, esta obra, “obviamente espiritual e extremamente poética”, sobressai pela presença do erotismo: “É um tema interessante porque está muito ligado à espiritualidade. Trata-se de uma questão que ainda não foi muito suscitada, dado que, durante muitos anos, os dois conceitos opuseram-se, em vez de se interligarem. E neste filme há uma reconciliação”.

Os jurados da Signis, que avaliaram os 24 filmes concorrentes ao principal prémio do Festival, o Leão de Ouro, foram recebidos pelo Patriarca de Veneza, cardeal Angelo Scola.

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