Igreja/Estado: Procurar «dentro» de cada regime a «liberdade» para cumprir a sua missão

Patriarca de Lisboa no colóquio «Catolicismo, modernidade e anti-modernidade – 1910-1940»

Porto, 17 nov 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa participou este sábado no colóquio internacional “Catolicismo, modernidade e anti-modernidade – 1910-1940”, da Universidade Católica no Porto, destacando a reconfiguração que a Igreja Católica encetou nesse período.

Numa intervenção publicada no site do Patriarcado, D. Manuel Clemente salientou que apesar dos vaticínios que apontavam para a sua queda, a seguir à implantação da República, “o catolicismo nacional sobreviveu” e mais do que isso relançou-se “em moldes bastante inovadores”.

Em primeiro lugar no que respeita à construção de uma “autonomia religiosa não controlada pelo poder político, nem enviesada para a sua obtenção direta”.

Depois, na adoção de uma linguagem mais diretamente ligada às comunidades, mobilizando-as para uma militância e intervenção social.

O campo político era encarado como lugar “onde os católicos podiam e deviam participar, enquanto cidadãos, por si ou organizados, para que as leis respeitassem mais a liberdade da Igreja e refletissem melhor a inspiração cristã que deviam ter”, recordou o patriarca.

“Para alcançar a liberdade da Igreja, urgia unir os cidadãos crentes em unanimidade de propósito e ação” e todas as iniciativas católicas que foram feitas “daí em diante” inseriram-se “neste quadro”, apontou D. Manuel Clemente, dando como exemplo a assinatura da Concordata em 1940.

Um acontecimento que culminou um processo negocial entre a Igreja e o Estado que tinha como pano de fundo a definição de relações claras e estáveis entre as duas partes.

 “Organizando-se autonomamente em relação aos sucessivos regimes, é dentro deles” que a Igreja tem procurado “a liberdade para fazer o que lhe é específico, quer internamente, como culto, quer em relação à sociedade, como inspiração”, concluiu o patriarca lisboeta.

Promovido pelo núcleo do Porto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, o colóquio explorou temáticas como “a liberdade religiosa, a ação católica portuguesa e a imprensa católica”.

Destaque ainda para a reflexão feita, a partir de oradores nacionais e internacionais, de áreas como “cientismo, metafísica e religião”; “missionação, laicização e secularização” e “educação e ensino: Doutrinas e instituições”.

JCP

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