Igreja/Estado: Governo da Argélia determinou encerramento das atividades da Cáritas

Instituição católica foi considerada como ONG estrangeira

Lisboa, 29 set 2022 (Ecclesia) – A Igreja Católica na Argélia anunciou o encerramento “completo e definitivo” de todas as atividades e obras de caridade implementadas pela Caritas neste país, a partir deste sábado, por indicação das autoridades argelinas.

“Naturalmente, a Igreja Católica permanece fiel à sua missão caritativa ao serviço da fraternidade”, lê-se num comunicado assinado pelo arcebispo emérito de Argel, e presidente da Associação Diocesana da Argélia.

Segundo D. Paul Desfarges, a Igreja Católica “faz questão de agradecer” a todas as pessoas que contribuíram ao longo dos anos, e de diversas formas, para “fazer viver esta obra ao serviço dos mais vulneráveis e do povo argelino”.

Em informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre explica que as autoridades argelinas não deram aos bispos da Igreja Católica neste país as razões oficiais e detalhadas para a decisão de encerrar as atividades da Caritas Argélia.

Agência Fides, do Vaticano, divulga, após contactar fonte locais, que a Cáritas foi submetida a medidas restritivas por ser considerada uma organização não-governamental estrangeira, e foi abrangida pela política geral que tem sido aplicada às ONG estrangeiras e multinacionais.

A Cáritas, o braço caritativo da Igreja Católica, está na Argélia desde 28 de junho de 1962, “um dias depois da declaração de independência”, país de maioria muçulmana [cerca de 97 por cento], e desenvolvia um trabalho assistencial junto dos sectores mais vulneráveis da sociedade, como os migrantes, “sem nunca ter assumido ou tomando qualquer posição política”, refere a fundação pontifícia AIS.

No portal ‘Vatican News’ lê-se que as “lideranças da comunidade católica local” tendem a excluir que estas medidas “sejam alimentadas por sentimentos de hostilidade em relação à Igreja Católica e sua presença ativa no país”.

A decisão surge por causa da política geral de restrições implementada nos últimos tempos em relação a ONG estrangeiras e multinacionais.

O comunicado da Igreja Católica na Argélia, assinado pelo arcebispo emérito D. Paul Desfarges, cita as palavras iniciais do Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum, assinado pelo Papa Francisco e pelo xeque sunita Ahmed al Tayyeb, grande imã de Al Azhar, em 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi: “A fé leva o crente a ver no outro um irmão que se deve apoiar e amar”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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