Igreja/Estado: Autonomia e colaboração marcou o diálogo para regresso da celebrações comunitárias das Missas, que acontece mais cedo que era pretendido (c/vídeo)

Cardeal D. António Marto aponta quatro prioridades para a renovação da Igreja Católica em Portugal e disse que receou «sentir solidão» na celebração do13 de maio em Fátima

Leiria, 15 mai 2020 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima disse que receou “sentir solidão” na celebração do 13 de maio, apontou quatro prioridades para a renovação Igreja Católica em Portugal e afirmou que as celebrações comunitárias regressam mais cedo do que pretendiam as autoridades.

Em entrevista à Agência ECCLESIA e à Renascença, D. António Marto referiu-se ao diálogo com o Estado para o recomeço das celebrações comunitárias, que esteve a cargo de uma comissão de que não fazia parte, afirmando que acontecem mais cedo que pretendiam as autoridades.

“Procuramos dialogar sempre com as autoridades e, concretamente, com a Direção Geral da Saúde, para ir tomando as nossas decisões. Eu, por exemplo, estava à espera que fosse possível recomeçar 15 dias antes do que está previsto, mas dado o risco elevado de contágio, ainda, segundo as previsões das autoridades de saúde, optou-se pelo Pentecostes (31 de maio) e já foi conseguir algo mais do que estava previsto, inicialmente. As autoridades desejavam que fosse pós-Pentecostes e nós dissemos: bom, o Pentecostes é uma data muito significativa para a Igreja. Chegou-se a um acordo, facilmente. Não houve tensões, no diálogo”, afirmou

D. António Marto afirmou que as relações com o Estado decorreram “dentro dos dois princípios ou parâmetros da Concordata”, a “autonomia” e a “colaboração com o bem-comum”, lembrando que “ninguém proibiu as celebrações comunitárias” das Missas, antes a Igreja Católica assim decidiu “até para dar o exemplo”.

Na entrevista à Agência ECCLESIA e à Renascença, D. António Marto referiu-se à reforma da Igreja Católica em Portugal, seguindo das propostas do Papa Francisco, afirmando que “leva o seu tempo” e passa por ser “hospital de campanha”, dar atenção “às diferentes periferias”, assumir um ritmo “sinodal” e “marcadamente laical”, com aposta nos “novos meios de comunicação”.

“Penso que se vai abrir uma nova oportunidade para a Igreja, para a reforma da Igreja, que leva o seu tempo. Estas reformas e a renovação não é numa assembleia de bispos que se faz, para realizar as linhas de fundo da reforma, propostas pelo Papa Francisco”, disse o bispo de Leiria-Fátima.

Ao analisar o momento de renovação na Conferência Episcopal por ocasião da próxima Assembleia Plenária, que vai decorrer a partir do dia 15 de junho e onde vai ser eleita a nova presidência, D. António Marto disse que “não devem sair ainda grandes linhas de orientação” porque “ainda é cedo” para certezas sobre “o que vai acontecer nos próximos meses”, sublinhando a urgência das prioridades apontadas pelo Papa Francisco.

Para o cardeal D. António Marto, a preocupação maior é “o pós-pandemia”, nomeadamente “as consequências laborais, económicas e sociais”, confirmadas pelos pedidos de ajuda que “têm aumentado muitíssimo em várias dioceses”.

Foto Arlindo Homem/AE

A respeito das celebrações no ambiente digital, D. António Marto afirma que não se pode “tornar viral a prática sacramental da Igreja”, porque “requer encontro físico”, admitindo como possibilidade, em “casos excecionais”, nomeadamente a confissão.

D. António Marto diz que assistir à Missa na televisão ou nas redes sociais “não é um espetáculo”, antes um momento “espiritual” que requer uma participação voluntária.

Sobre as celebrações do 12 e 13 de maio, no Santuário de Fátima sem a presença física de peregrinos, o bispo de Leiria-Fátima diz que “foi uma experiência única”, vivida com “o receio de sentir solidão”, mas na convicção de estar “unido a toda uma multidão de gente”.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse que não sentiu “grandes hesitações nem dramas” para tomar a decisão de presidir à peregrinação internacional aniversária de maio sem a presença física de peregrinos para “preservar a saúde pública”, afirmando que essa orientação foi assumida com os colaboradores do Santuário de Fátima e com o presidente da CEP, D. Manuel Clemente.

A entrevista ao cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima é emitida na Renascença esta sexta-feira depois das 13h00 e publicada nas páginas da internet da Agência ECCLESIA e da Renascença.

PR

(Entrevista conduzida pela Aura Miguel, da Renascença, e Paulo Rocha, da Agência Ecclesia)

Entrevista: Cardeal D. António Marto aponta quatro prioridades para a renovação da Igreja Católica em Portugal (c/vídeo)

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