Igreja deixa alertas para as eleições

CEP pede aos católicos que votem segundo «valores» e não por filiação partidária A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que os eleitores devem votar em consciência, de acordo com “valores” e não apenas por causa da “cor dos partidos”. Num ano com 3 actos eleitorais, os Bispos irão publicar esta Quinta-feira uma Nota Pastoral sobre o direito e o dever de votar. A CEP está reunida em assembleia plenária até amanhã, em Fátima. Segundo o secretário do organismo episcopal, Pe. Manuel Morujão, o documento quer servir para ajudar os portugueses numa escolha “consciente e esclarecida”. “Certamente não é para dizer onde é que se deve pôr uma cruz”, esclareceu, negando assim qualquer intenção dos Bispos em darem orientação de voto. “As pessoas devem estar a par dos projectos partidários”, disse este responsável, citando temas como a família, a sociedade, a economia e os mais desprotegidos. Para que os eleitores possam “saber escolher” em liberdade “esclarecida e consciente”, a Igreja vai falar sobre os valores humanos comuns a todos os cidadãos, “concretamente inspirados pelo Evangelho”. Aspectos como os valores humanos e a dignidade das pessoas, a família e o casamento, a atenção com as franjas mais desprotegidas da sociedade neste tempo de crise ou com o meio ambiente estão entre os indicados pela CEP. Para o Pe. Manuel Morujão, o voto não deve obedecer a uma lógica de “clube”, como no mundo do desporto, em que “perca ou ganhe, tenha um mau treinador ou uma péssima equipa, eu estou sempre a favor da minha equipa”. “Não se trata de um clube, trata-se de um projecto de serviço ao povo, à nação, e é esclarecendo-me que eu vejo que estes são os meus valores, quem me protege melhor e á sociedade em geral”, indicou. “Eu devo conhecer quais são os valores desse partido, o que propõe na sua campanha e no seu programa eleitoral para que o país possa ficar melhor”, afirmou ainda, em encontro com os jornalistas. O secretário da CEP disse que “muitas vezes nós fazemos observações de como vai o País ou como somos governados e temos uma ocasião especial, que são as eleições para dizermos o que achamos sobre a vida política”. Este responsável reiterou que os três actos eleitorais são “uma ocasião especialíssima” para os portugueses dizerem o que acham sobre a vida do país. Com a Nota Pastoral, precisou, “a Igreja cumpre não apenas o seu direito, mas o seu dever de esclarecer as pessoas segundo seu código ético. Seria uma infidelidade à missão da Igreja se calasse”. O secretário da CEP disse também que “nunca um padre deve fazer um comício”, mas pregar o Evangelho e “os valores que lá estão”. Entretanto, foi ainda anunciado que o documento sobre a eutanásia continuará em estudo e será publicado mais tarde, ao contrário do que estava previsto, por falta de tempo nesta assembleia. O Pe. Morujão disse que o tema não foi considerado “urgente”, embora “seja uma causa humana que também é da Igreja”, e apontou como caminho de solução uma aposta mais séria nos “cuidados paliativos”.

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