A Festa da Família abre portas este fim-de-semana, no Entroncamento. São esperadas mais de 2000 pessoas numa iniciativa que quer juntar as gerações familiares no mesmo espaço para se ouvirem, debaterem e conviverem. A organização quer criar espaços para que as famílias possam estar juntas, respeitando as diferenças geracionais. Licínia Morgado, membro da organização, afirma à Agência ECCLESIA que faltam espaços para dialogar. “Existem encontros de jovens, mas só para jovens; outros encontros para casais mas onde só vão os pais. Falta a unidade no mesmo espaço e nos mesmos dias”, aponta, afirmado que a Festa da Família quer proporcionar o encontro familiar mas também “o de encontro da família cristã”. Desde a primeira Festa da Família que a organização sente “inquietação face às dificuldades que as famílias enfrentam”. Um quadro que afirma, “não mudou, antes se agravou”. Considerando o quadro legislativo, Licínia Morgado afirma que “as pessoas precisam de momentos de escuta e oração”. Esta semana, D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, teceu duras críticas à intenção de o governo legalizar o matrimónio entre homossexuais e à banalização do aborto. D. Jorge Ortiga lamentou ainda a actual lei do divórcio, a educação sexual nas escolas e a eutanásia. Licínia Morgado explica que alguns momentos do encontro, em especial as conferências e workshops, pretendem “ajudar a responder às ameaças que a família actualmente sente”. O programa apresenta momentos de reflexão e debate sobre temas actuais e a organização convidou figuras da opinião pública para estarem presentes. Francisco Sarsfield Cabral, economista e ex-director de informação da Renascença, vai participar na conferência «A crise e a perspectivas de felicidade». Ana Conde, psicóloga, vai analisar a questão «Ser mãe, ser pai e ser bebé: a incerteza da felicidade ou a felicidade da incerteza». Zita Seabra, deputada da Assembleia da República, irá também ao encontro para reflectir sobre «Família, preparar a felicidade». Também o Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca vai estar presente num workshop para reflectir sobre «A alegria da Solidariedade» e Tereza Ameal e Eugénia Ricciardi, da Federação Portuguesa pela Vida, vão participar noutro momento denominado «Vidas com Vida». “Procuramos que as conferências e os workshops abordem temas actuais com a presença de figuras capazes de responder a várias inquietações”. Licínia Morgado afirma ser este um espaço essencial e lamenta que fora destes encontros, estas questões sejam pouco debatidas. “As pessoas comentam, mas parece que estes assuntos são secundários”. Novos modelos familiares Desafiados pelos actuais modelos de família, nomeadamente de famílias monoparentais ou famílias imigrantes, a organização explica que “a festa é para todos”. Todos os anos registam inscrições e a participação de pessoas em união de facto ou divorciados. “Aceitamos toda a gente. Não pedimos certidões de casamento ou testemunhos do seu dia-a-dia”, explica Licínia Morgado. “Todas as pessoas são bem vindas à festa da família”. Mas, adverte, “as pessoas sabem que esta é uma festa de cariz cristão. E o modelo familiar que professamos é o que consta da Bíblia”. Mas é consciente dos novos tempos que Licínia Morgado afirma que “a própria Igreja tem de dar uma volta. Temos de saber acolher todos”, aponta. Dando resposta a essas solicitações, a primeira edição da Festa da Família “contou com um workshop sobre divorciados e recasados”, recorda. Licínia afirma que também os divorciados “têm sede de participar e de apoio para resolver os seus problemas”. Por isso, sublinha, “todas as pessoas são bem vindas”. Festa rejuvenescida Para esta edição da Festa da Família são esperadas mais de 2000 pessoas. De ano para ano a participação foi-se alterando. Se a estreia contou com pessoas mais velhas, “a pouco e pouco, casais novos e mesmo jovens e crianças, foram marcando presença e a festa foi rejuvenescendo”, dá conta Licínia Morgado. Até ao momentos estão inscritos mais de 300 jovens provenientes de diferentes pontos do país. A organização admite que a publicidade feita este ano “começou mais tarde”. Por isso, segundo Licínia, a vontade de participar deve-se “ao testemunho dos participantes nas edições anteriores. A festa começa a ser planeada com um ano de antecedência”. A Festa da Família organiza, pela primeira vez, o encontro de irmãos gémeos, numa parceria entre a associação das Famílias Numerosas e a Associação de Gémeos. O último dia da Festa da Família, Domingo, dia 26, na eucaristia presidida pelo bispo de Santarém, D. Manuel Pelino, haverá a benção dos casais com um, 25 ou 50 anos de matrimónio. Os restantes casais presentes vão também poder renovar as promessas matrimoniais. Licínia Morgado integra a organização da festa, juntamente com outros seis casais, o Pe. Vicente e algumas religiosas. A preparação não esgota a vontade de desfrutar do ambiente de festa dos três dias do encontro. A ela se juntam o seu marido, os seu dois filhos, um de 20 outro de 28, os pais e a sogra. Serão três gerações da mesma família que a conviver no mesmo espaço. Mais informações em Festa da Família