Igreja/Cultura: Ciclo de cinema passa nas igrejas do Algarve

A Igreja deixou de olhar com «suspeição ou reserva para esta linguagem da sétima arte», refere responsável pela Pastoral da Cultura

Faro, 12 nov 2016 (Ecclesia) – O Cineclube de Faro iniciou esta semana o projeto ‘Video Lucem’ (expressão latina que significa “Vejo a Luz”) com o objetivo de apresentar um ciclo de cinema nas igrejas da Diocese do Algarve.

Para o diretor do Setor Diocesano da Pastoral da Cultura, Património e dos Bens Culturais que, com o Setor Diocesano da Pastoral do Turismo, apoia este projeto, o cinema “é uma janela, um espelho” e deve ser para os cristãos uma “singular oportunidade” para evangelizar.

“O cinema é na verdade, como a fé, uma significativa linguagem de luz e de procura, de revelação, mesmo que seja da noite e a partir dela, do cinzentismo ou do obscurantismo de vidas não sustentadas pelo trilho de Deus ou mesmo construídas e alicerçadas a partir dos seus caminhos”, disse o padre Carlos Aquino na igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Faro, onde iniciou o ‘Video Lucem’.

Para o sacerdote da Diocese do Algarve, citado pelo jornal ‘Folha de Domingo’, “o cinema, ainda agora, é espaço onde sobrevivem grandes mitos e as grandes narrações sobre a vida, a história, o sentido, os espaços; lugar onde se hospedam, por vezes, grandes conflitos, mas se oferece sempre uma sua hermenêutica”.

“Não poucas temáticas de caráter religioso e existencial nasceram no cinema e chegam ao público através da linguagem cinematográfica”, constatou.

“Já não estamos, felizmente, nos finais da década de 50 ou 60, historicamente afirmado como o tempo de modernidade do cinema que pôs no centro dos seus interesses próprios o problema do eclipse do sagrado, nem olhamos hoje, como Igreja, com suspeição ou reserva para esta linguagem da sétima arte porque o caminho da Igreja será sempre o caminho do homem”, acrescentou.

O presidente do Cineclube de Faro considera que esta iniciativa contribui para um “esbater de diferenças” e contrariar a tendência de um “estranho mundo” “em que hoje em dia as pessoas parecem apostadas em erguer cada vez mais muros e barreiras”.

Carlos Rafael Lopes disse que ‘Video Lucem’ une o cinema e as igrejas.

“Nem é sacralizador do cinema nem pretende ser dessacralizador dos espaços de culto. Antes abri-los ao mundo, revelá-los e fazer ver e crer que cinema e Igreja também têm pontos de contato”, advertiu.

A comissária do 365 Algarve destacou, por seu lado, que o projeto ‘Video Lucem’ une cultura e turismo e chega aos algarvios e aos turistas.

"É um programa de coesão territorial feito por nós, para nós e para quem nos visita, mas acima de tudo para que todos possamos experienciar cultura todos os dias no Algarve”, sublinhou Dália Paulo em declarações publicadas pelo jornal 'Folha de Domingo'.

O projeto ‘Video Lucem’ vai apresentar 22 filmes em 22 igrejas do Algarde e iniciou esta quinta-feira com o filme “Aurora” (1927), de F. W. Murnau, projetado na igreja Nossa Senhora do Carmo, em Fato.

A iniciativa integra o programa ‘Algarve 365’ (promovido pelo Turismo de Portugal e o Ministério da Cultura), com organização do Cineclube de Faro e parceria da Direção Regional de Cultura do Algarve.

‘Video Lucem’ pretende que os espetadores “possam perceber a relação existente entre Cinema e Religião, tendo precisamente a luz como elemento de convergência, enquanto símbolo da Revelação, do Sagrado e do Divino”, indica uma nota de imprensa gabinete de informação da diocese algarvia, acrescentando que o ciclo termina em maio de 2017.

PR

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