Igreja: Bispos portugueses enaltecem carisma vicentino como motor de «inconformidade»

Nota pastoral assinala 400 anos do legado de São Vicente Paulo e os três séculos da sua presença em Portugal

Fátima, 10 nov 2016 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida em assembleia plenária em Fátima, divulgou hoje uma nota pastoral sobre os 400 anos do carisma de São Vicente de Paulo e os três séculos da presença vicentina em Portugal.

No documento disponibilizado à comunicação social, os bispos portugueses enaltecem a figura de São Vicente de Paulo (1581 – 1660) e as causas que ele abraçou, sobretudo “a favor dos pobres, da reforma do clero e da caridade”, expressas hoje “em inúmeros projetos sociais.

A partir de uma primeira “comunidade de missionários” nasceram projetos como “a Congregação da Missão, a Companhia das Filhas da Caridade e a plêiade de instituições de serviço fraterno aos mais pobres e marginalizados, de que as Conferências Vicentinas são hoje uma das expressões sociais mais conhecidas”, realçam os bispos.

Associando-se em “ação de graças” a “toda a Família Vicentina”, por ocasião destes festejos, a CEP realça os “desafios do carisma vicentino” para este tempo, em primeiro lugar uma necessária “atualização” que tem de passar por um renovado “compromisso com os mais pobres”.

“É, por isso, necessário escutar os sinais dos tempos e discernir, nas situações difíceis e tão frequentemente desumanas, o que ao apelo dos pobres tem a dizer com obras de misericórdia o carisma vicentino. E há de ter a coragem de reajustar estruturas de outros tempos, como se reajustam as roupas que vestem um corpo que cresce e se transforma”, pode ler-se.

Os bispos portugueses recordam que “o carisma vicentino é portador de um código genético de conteúdo espiritual que se transmite, de geração em geração, a todos os ramos da família”, um legado que se tem afirmado como verdadeiro motor de “inconformidade”.

Neste sentido, exortam todos quantos são hoje “herdeiros do carisma de S. Vicente de Paulo, em Portugal, a continuarem a sentir-se comprometidos com as situações que degradam a dignidade do homem”.

Vicente de Paulo, padroeiro das Obras da Caridade, foi um homem permanentemente interpelado pela situação dos mais pobres e carenciados, tendo fundado a Confraria da Caridade em 1617 e a Congregação da Missão em 1625.

A primeira era dedicada à assistência espiritual e corporal dos mais desfavorecidos, enquanto a segunda tinha como objetivo a evangelização.

A Congregação da Missão foi reconhecida pela Santa Sé em 1633, através de uma bula do Papa Urbano VIII, e este foi o ponto de partida para a criação de inúmeras instituições ligadas às causas solidárias.

O seu carisma chegou a Portugal no início do século XVIII, mais concretamente em 1717 com o aval do Papa Clemente XI e o impulso do padre José Gomes da Costa, que tinha entrado para a Congregação da Missão em Roma.

Vicente de Paulo foi canonizado a 16 de junho de 1737, pelo Papa Clemente, tendo sido em 1885 declarado pelo Vaticano patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica.

JCP

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