Igreja/Ambiente: «Quem são os expulsos, fruto da desigualdades económica, social, política e ambiental?»

D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, e D. Armando Esteves Domingues, da Igreja Católica, assumem importância da celebração do ‘Tempo da Criação 2021’

Lisboa, 02 set 2021 (Ecclesia) – D. Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana, afirmou que o ‘Tempo da Criação 2021’ que as Igrejas cristãs estão a viver, lança desafios éticos à realidade portuguesa, “cada vez mais, uma sociedade multicultural, multiétnica e multirreligiosa”.

“A questão que se coloca é perceber quem são aqueles e aquelas que, fruto das desigualdades económicas, sociais e políticas, e fruto das implicações climáticas, estão a ser expulsos. Nós lembramos os refugiados e aqueles que são obrigados a sair da sua própria casa e da sua terra, pessoas que colocam um desafio ético para nos tornarmos numa casa acolhedora e inclusiva”, explicou o responsável à Agência ECCLESIA.

D. Armando Esteves Domingues fala numa celebração ampla que pede um olhar holístico para a Casa comum”.

“Trata-se de cuidar da casa, varrer a casa, adornar a casa, embelezar a casa, rezar na casa, comer na casa. As próprias relações humanas têm significados ecológicos, com implicância na economia e à política”, suscita o presidente da Comissão Missão e Nova Evangelização, da Conferência Episcopal Portuguesa.

O ‘Tempo da Criação’ começou a 1 de setembro, com o Dia Mundial de Oração pela Criação, que o Papa Francisco instituiu na Igreja Católica em 2015, uma data que o patriarca ecuménico Dimitrios I proclamou para os Ortodoxos em 1989; Termina a 4 de outubro, data em que a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de São Francisco de Assis.

O Comité diretivo ecuménico propôs um guião com propostas celebrativas e de reflexão, ‘Uma casa para todos? Renovando o Oikos de Deus’, que retoma o exemplo de Abraão que, na tradição bíblica, “foi capaz de acolher homens que se aproximavam e os convidar à sua casa”, lembra D. Jorge Pina Cabral.

O responsável na Igreja Lusitana reconhece uma “tensão dialética, entre o comportamento individual e coletivo, expresso no “modo como se acolhe o vizinho”, na forma como “as famílias, comunidades, países e Igrejas são capazes de acolher”.

D. Armando Esteves Domingues recorda propostas enunciadas pelo Guião e pede ousadia às comunidades para encontrar novos espaços de celebração, novos protagonistas da palavra, e a partilha de projetos que possam concretizar um “mimetismo” nas casas, jardins e praças públicas.

“Colocar uma tenda dentro da igreja, símbolo do provisório e do acolhimento, uma tenda com várias entradas que poderia acolher todos”, exemplifica o responsável que reconhece propostas “plásticas” que se podem “adequar na sua realização”.

As «Conversas na Ecclesia» desta semana juntaram D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, e D. Armando Esteves, da Igreja católica, que analisaram o memorando «Eco Igrejas Portugal», e refletiram sobre os desafios que este compromisso ecuménico lança na pastoral.

LS

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