Homilia do bispo de Viseu no Domingo de Páscoa

Este é o dia que o Senhor fez:

Exultemos e cantemos de alegria. Aleluia! Aleluia!

No início da Quaresma convidei os cristãos da nossa Diocese de Viseu a fazer um encontro pessoal com “Jesus, fonte da harmonia Pascal”.

Hoje na celebração da Páscoa, anuncio-vos com alegria, que Ele está vivo e Ressuscitado no meio de nós para ser a nossa força, a nossa alegria, a nossa energia, a beleza ressuscitadora da nossa vida renovada.

Ele é o Vivente, o Ressuscitado, o Homem Novo, o Cordeiro Pascal, que foi imolado e nos oferece a sua vida em abundância. Jesus dá-nos a paz, a alegria de viver, a  bênção para servirmos a nova humanidade nascida da Páscoa a percorrer o caminho de Emaús.

Jesus Cristo Ressuscitado é a grandeza da vida nova, que venceu a morte e o pecado e nos oferece a  paz, a esperança,  a alegria interior para vivermos  como cristãos a nossa vocação de batizados. Ele foi o único que ofereceu a toda a humanidade na manhã florida da Páscoa, a possibilidade de sermos verdadeiros discípulos missionários.

O anúncio do sepulcro vazio pelo Anjo, deixou Maria Madalena e as mulheres mergulhadas em lágrimas e preocupadas, porque não sabiam quem levou o Corpo do Senhor.

Pedro e o discípulo amado correm apressados para o sepulcro e recebem a notícia das mulheres, mas não acreditam naquilo que ouvem. Onde está o Senhor? Quem rolou a pedra do sepulcro? Do sepulcro vazio passaram à certeza da Ressurreição pela experiência da fé. Alguém anuncia, não está lá ninguém. “Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram” (cf Jo 20,1-9). Simão Pedro entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Pedro entrou com o outro discípulo no sepulcro: “viu e acreditou”. Acreditar é um sinal profundo da fé. Nós precisamos de fazer a experiência do encontro com Jesus para acreditar em cada dia na sua presença na nossa vida.

Muitas vezes Ele esconde-se de nós, é preciso ir ao sepulcro para ver os sinais da Sua Ressurreição.

“Ele não está aqui: Ressuscitou” (Lc 24,6). Na verdade Cristo Ressuscitou verdadeiramente! Aleluia! “Ele vos procederá na Galileia, lá o vereis”. A Ressurreição de Jesus  marcou a vida dos discípulos de um modo único e deve os cristãos a fazer a experiência profunda da vivência da fé Pascal. Eu sei em quem acreditei…

Envolvidos neste mistério de luz, de vida e de amor celebrámos na Vigília Pascal a vida que renasce, a semente nova germinou e brotou da terra. Com a Páscoa  de Jesus a Igreja inicia um tempo novo de anúncio da Ressurreição através da missão de levar até aos confins da terra a Boa Nova de Jesus.

A Vigília Pascal que celebrámos, convidou-nos a descobrir no lume novo, a vida nova em Cristo, a vitória do Ressuscitado sobre o pecado e a morte. Só a luz de Cristo ilumina a terra inteira. Aleluia! Cristo Ressuscitou como o primeiro fruto da seara e n’Ele encontramos o Novo Adão, sinal do homem novo, que na manhã do Domingo de Páscoa apareceu vivo  às mulheres e aos discípulos mostrando-lhes o sepulcro vazio.

Três discípulos correm depressa ao sepulcro: Maria Madalena, Pedro e o “outro discípulo, aquele que Jesus amava”. Há toda uma mobilidade de personagens, uma mensagem, que caminha connosco para o sepulcro, a fim de descobrir a nova realidade do ressuscitado. O Senhor foi levado do sepulcro, não está aqui disse o Anjo, Ressuscitou. O discípulo “viu e começou a acreditar”.

A palavra Páscoa significa passagem, da morte para a vida, porque o Vivente Ressuscitou e está vivo e atuante na sua Igreja. Passagem da penitência e conversão para a vida do Ressuscitado, do Egito da escravidão para terra prometida, do deserto interior para o oásis espiritual, da escravidão para a libertação, do Êxodo para a terra prometida, da guerra para a paz, da violência para a fraternidade, do pecado para a graça, das trevas para a luz, da paixão para a ressurreição, da temporalidade para a transcendência, do mundanismo para a espiritualidade, da indiferença para a fé, dos desejos da carne para a vida segundo o Espírito, do provisório para o definitivo, do transitório para a eternidade, da Quaresma para a Páscoa.

Celebremos todos com alegria e de coração renovado a Liturgia solene do Domingo de Páscoa, reunidos como povo de Deus partilhemos com os irmãos as Boas Festas no anúncio da Visita Pascal, ou através de outros gestos de Páscoa.

Anunciemos ao mundo com grande alegria a vida nova de Cristo Ressuscitado. Cantemos Aleluia! Aleluia! O Senhor Ressuscitou verdadeiramente! Aleluia! Aleluia!

Ele é a nossa paz e a nossa esperança! Com Ele renovemos a Igreja e o mundo e sejamos o fermento novo para transformar a sociedade em que vivemos.

Desejo a todas as pessoas que vivem na Diocese de Viseu cristãos e não cristãos, outras pessoas de boa vontade, que vivem aqui, ou nos visitam neste período da festa da Páscoa, uma vida abundante de dons pascais em Cristo Ressuscitado.

A manhã radiosa de Páscoa amanheceu florida com rosas brancas de esperança, de convívio, de partilha, de alegria, de festa jubilosa, de paz que anunciam ao mundo a presença de Cristo Ressuscitado no meio do seu povo.

Celebremos a Páscoa da esperança com o pão, o folar, os bolos, as amêndoas, que se partilham como sinal, para que acabe a fome, a miséria, a pandemia e todos males que afligem o nosso mundo, particularmente a guerra na Ucrânia e na Rússia e em tantos lugares do mundo. Condenemos a guerra injusta e fratricida e pedimos, que se calem as armas e os mísseis, para que os tanques transformem-se em veículos de paz  e esperança.

Os símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude, a Cruz e o ícone de Maria “Salus Populi Romani” continuam em peregrinação na nossa Diocese de Viseu. Vivemos este tempo de Kairós como momento privilegiado de graça, uma oportunidade para meditar mais e melhor no Mistério Pascal de Jesus.

Desejo votos de Santas Festas de Páscoa a todos os cristãos e pessoas de boa vontade da Diocese de Viseu. Digamos com alegria: Boas Festas, Cristo Ressuscitou. Aleluia! Aleluia!

Uma palavra de conforto para todos os doentes e para os seus cuidadores, principalmente lembramos as vítimas do Covid 19 e de outras doenças, que afligem a nossa humanidade.

Jesus oferece através dos cristãos um gesto de Páscoa para as crianças, os jovens, as famílias, os idosos, os refugiados, os migrantes, os presos, os sem abrigo e todos os que se sentem marginalizados ou descriminados na nossa sociedade.

Cristo ressuscitou verdadeiramente e oferece a cada um nós o dom da paz e da alegria.

Alegremo-nos com a presença da Virgem Santa Maria, a Senhora da Alegria e de São José e com eles levemos às pessoas do nosso mundo a boa nova da Páscoa.

Cristo Ressuscitou e convida-nos a “aspirar às coisas do alto”, para  anunciarmos ao mundo de hoje a alegria da vida nova, que celebramos na Páscoa da Ressurreição.

Viseu, 17 de abril de 2022

D. António Luciano, Bispo de Viseu

 

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