Haiti: Bispos pedem fim de onda de «assassinatos, raptos e violações»

Conferência Episcopal lamenta crise social e política, que afeta população

Foto: Lusa/EPA

Porto Príncipe, 09 fev 2024 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal do Haiti lançou esta quinta-feira um comunicado conjunto para apelar ao fim da onda de “assassinatos, raptos e violações”, que decorrem da crise social e política no país.

Em nome de Deus, a Conferência Episcopal Haitiana apela às autoridades para que ponham imediatamente termo ao sofrimento do povo, cuja vontade se manifestou em todo o país, nomeadamente no dia 7 de fevereiro de 2024. Já foi derramado sangue e lágrimas suficientes através de assassinatos, raptos e violações durante os últimos três anos. Estamos fartos”, alertam os responsáveis católicos.

O episcopado dirige um “vigoroso apelo” ao primeiro-ministro, Ariel Henry, para que se “aperceba da gravidade da situação atual e tome uma decisão sensata para o bem de toda a nação, que está seriamente ameaçada nos seus próprios fundamentos”.

“Convidamos os nossos queridos compatriotas a não caírem na armadilha da violência e das lutas fratricidas que escarnecem da nossa dignidade, desfiguram a nossa humanidade e desonram a imagem do nosso país”, escrevem.

Hoje, o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, lançou um aviso sobre o agravamento da “catástrofe” dos direitos humanos no Haiti, sublinhando que janeiro foi o mês mais violento, em mais de dois anos.

“A já terrível situação dos direitos humanos deteriorou-se ainda mais, no contexto de uma violência implacável e crescente dos gangues, com consequências desastrosas para os haitianos”, disse.

Pelo menos 806 pessoas, não envolvidas em confrontos violentos, foram mortas, feridas ou raptadas em janeiro de 2024, segundo a ONU.

Na última quarta-feira, milhares de haitianos participaram num protesto antigovernamental em Porto Príncipe, para exigir a saída do governo do primeiro-ministro Ariel Henry.

A data em que Henry deveria deixar o poder, ao abrigo de um acordo assinado em dezembro de 2022 com os partidos da oposição, representantes da sociedade civil e a aprovação da comunidade internacional, já foi ultrapassada.

OC

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