Guarda: Trabalhadores são responsáveis por quem está «fora do trabalho», diz bispo

«Tem de haver formas de impedir» que cada pessoa «se aproprie indevidamente de recursos que lhe não pertencem», afirma D. Manuel Felício

Guarda, 04 abr 2011 – O bispo da Guarda lembrou este domingo o compromisso que os trabalhadores devem ter na manutenção dos apoios sociais a quem está fora do mercado laboral devido ao desemprego ou por ser estudante, reformado ou doente.

“É grande a responsabilidade de quem trabalha” porque dela “depende a sua sustentação e da sua família, mas também a de todos os outros que ficam fora do trabalho”, referiu D. Manuel Felício nas missas a que presidiu este domingo na diocese da Guarda, de acordo com o texto da homilia enviado à Agência ECCLESIA.

O prelado lançou uma advertência quanto às fraudes: “Tem de haver formas de impedir” que cada pessoa “se aproprie indevidamente de recursos que lhe não pertencem ou se recuse sem razão a dar o seu contributo, pelo trabalho e pela forma como intervém nas decisões, para a autêntica promoção do bem comum”.

“Quando a sociedade portuguesa está em período de reorganização e a ser pressionada por forças externas ao país para que dê provas de capacidade para se autogovernar, é preciso que todos nós, como cidadãos esclarecidos e responsáveis, saibamos ocupar o nosso lugar”, vincou.

Depois de reclamar “informações muito claras” sobre a situação atual da administração pública, o bispo da Guarda frisou que “não basta garantir os bons resultados da produção material e até a sua justa distribuição”: “Há valores mais altos do que estes sem os quais as pessoas não podem ter vida de qualidade”.

O prelado assinalou que é preciso “melhorar” os “bens da proximidade e da boa relação entre as pessoas”, que “não podem ser tratadas como números”, devendo antes ser acolhidas “em comunidades nas quais ajudam e são ajudadas a realizar a sua vocação para a comunhão”.

“Precisamos de não descurar estas metas que as contas públicas não contabilizam mas são, de facto, a parte mais importante da nossa vida em sociedade”, salientou o bispo da Guarda, que defendeu a criação de condições para que os trabalhadores “se entusiasmem” na sua profissão e sintam que através dela “aumentam a produção material” e expressam “a sua criatividade”.

Manuel Felício realçou também a “responsabilidade” dos católicos na estruturação de uma “sociedade nova”, dado que a atual “está gasta e os seus modelos de organização provaram sobejamente que não servem os verdadeiros interesses das pessoas”, sendo por isso necessário um modelo estruturado “principalmente de dentro para fora e de baixo para cima, mais do que de cima para baixo”.

“Queremos recusar sempre a tentação do poder que não é serviço, a tentação de colocarmos as nossas esperanças em realidades efémeras e passageiras ou então querermos só resultados palpáveis e imediatos na nossa ação pastoral”, sustentou o prelado, referindo-se à consolidação de “uma Igreja pobre, humilde” e “sempre à procura” de ajudar a sociedade mediante formas “cada vez mais purificadas”.

RM

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