Guarda: Jovens procuram Igreja «companheira» mesmo «sem resposta para tudo»

Departamento da Pastoral Juvenil, Universitária e Vocacional da Guarda organizou Sínodo local

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 22 out 2018 (Ecclesia) – O responsável pelo Departamento da Pastoral Juvenil, Universitária e Vocacional da diocese da Guarda afirma que os jovens procuram uma Igreja que “caminhe” com eles, mesmo sem ter respostas para tudo.

“Penso que os jovens não pedem algo muito diferente do que deve ser a Igreja. Sobretudo uma comunidade que dê testemunho. Os jovens, vivendo hoje numa sociedade altamente individualista, querem uma Igreja acolhedora, onde podem encontrar o seu espaço; onde, porventura poderão não encontrar resposta para os seus anseios e dificuldades, mas (onde encontram) alguém que os escute nas suas dificuldades e anseios”, disse à Agência ECCLESIA o padre Rafael Neves, diretor do Departamento recentemente criado na diocese da Guarda para responder a “três vertentes da pastoral: juvenil, universitária e vocacional”.

Numa realidade marcada pela migração dos jovens para os centros urbanos, o padre Rafael suscita uma resposta de “reorganização pastoral” e de caminho “sem respostas”.

“O nosso trabalho com jovens nunca pode ser o de oferecer resposta à partida. Será antes o de fazer caminho com eles. Sabendo que este caminho uma vez obtém resposta, outras vezes coloca mais perguntas. Não há respostas fechadas ou solução na manga para o trabalho com os jovens. Vivemos num mundo em transformação seria de todo inviável encontrar uma resposta definitiva que fechasse todas as expetativas e anseios dos jovens”, indica.

Há dois anos em Portugal, Domingos Quiluanje é estudante de mestrado em Matemática na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, local onde imediatamente procurou integrar-se para dar continuidade à procura espiritual que iniciou aos 10 anos em Angola.

“Não podia apenas estar ligado aos estudos, procurei integrar-me e quando posso participo ativamente: vou à Igreja, tenho um grupo de partilha bíblica onde procuramos interagir e discutir temas. Tem sido uma experiência muito boa”, resume o jovem de 28 anos à Agência ECCLESIA.

É do relato de surpresa desde jovem angolano que vem o desafio de envolver e chamar ao compromisso a juventude da Guarda.

“Muitas pessoas dos PALOP chegam à diocese e falam que quando aqui chegaram entraram na Igreja e viram muitos velhinhos e perguntaram porquê. Na sua terra é habitual ir com os pais (à missa). Até eles têm essa vontade de nos ajudar a mudar”, sublinha Ana Rita Balau, do Departamento da Pastoral Juvenil, Universitária e Vocacional.

Esta jovem, controladora agrícola, deixou a diocese para estudar e fez o caminho de regresso à Guarda para, “com sorte”, iniciar a sua vida profissional.

Ana Rita Balau afirma uma juventude que procura uma Igreja “que fale uma linguagem mais jovem” e a certeza de que o compromisso está a regressar.

“O mundo mostra tanta coisa atualmente, que temos dificuldade em nos comprometer e levar isso para a frente. Mas os jovens estão a mudar. E os párocos mostram abertura para a mudança. Mostram que a Igreja precisa de jovens, precisa de crescer com os jovens”.

A animadora de grupos de jovens, Flávia Brito, dá conta da “sede” que os mais novos têm e não encontram no mundo virtual.

“Creio que estão sedentes de alguma coisa. Efetivamente não se encontra nas redes sociais e nos meios onde estão inseridos. Por mais que os jovens vejam as igrejas envelhecidas, se houver coerência e testemunho começam a questionar-se e a sentir-se desafiados. A partir dai é um caminho”, indica.

O sínodo local dedicado aos jovens que decorreu no Seminário maior da Guarda foi o “arranque” das atividades do Departamento da Pastoral Juvenil, Universitária e Vocacional da diocese.

LS

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