Guarda: Inventariação de peças de arte sacra facilita recuperação em caso de roubo

A Diocese da Guarda está a fazer um levantamento das peças de arte sacra existentes no seu território, com o objectivo de facilitar a sua recuperação em caso de roubo. Segundo o padre Francisco Vilar, presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra, o inventário está a ser realizado com a ajuda dos párocos, com a colaboração de uma técnica licenciada em História de Arte e contempla o património móvel e imóvel da Diocese. O trabalho iniciado em 1999 por Francisco Vilar já contemplou, até ao momento, a inventariação “de milhares de peças” de várias paróquias, garantindo o responsável ao Jornal A Guarda que já foi efectuado o levantamento completo do concelho de Seia e de diversas paróquias dos Municípios de Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Almeida e Guarda. Para além do inventário patrimonial permitir que a Diocese “saiba aquilo que há”, o responsável aponta que em caso de furto de objectos de arte sacra, “a sua identificação torna-se mais fácil”. O sacerdote recorda que no caso de peças furtadas e recuperadas no estrangeiro, “se não apresentarmos um documento a justificar o bem, ou outro elemento, a peça não vem [para Portugal]”. Francisco Vilar salienta que o trabalho que está a ser desenvolvido “é quase uma espécie de Bilhete de Identidade”, pois todas as peças são fotografadas, medidas e passam a ter “um número de código”. “Cada peça está identificada com um número de inventário e, a partir do momento que temos a descrição, a sua identificação será mais fácil em caso de furto”, referiu. O caso mais recente de furto de arte sacra ocorreu na aldeia de Fiães, no concelho de Trancoso, no início do mês de Fevereiro, de onde desapareceu uma estátua de Nossa Senhora da Graça, a padroeira da freguesia. A estátua em granito, réplica de outra em madeira existente na Igreja Matriz, tinha sido colocada há cerca de cinco anos num pequeno jardim à entrada da povoação. A estátua com 1,20 metros de altura e cerca de 500 quilogramas de peso custou dois mil euros, como recordou ao Jornal A Guarda o pároco local, Alfredo Gabriel. “Era uma imagem muito perfeita, era a cópia daquela que temos no altar e as pessoas da terra ficaram muito revoltadas com o que aconteceu”, relatou. Segundo o sacerdote, “era uma espécie de sentinela da povoação e no dia da festa, a procissão passava sempre pelo local e parávamos um bocadinho para rezar. Este ano, se ela não aparecer, teremos que por lá outra para fazermos uma paragem e rezarmos um bocadinho”, admitiu. Alfredo Gabriel contou que os habitantes ficaram “muito revoltados com a ousadia de quem arrancou a santa do seu pedestal para fazer negócio”. A imagem ainda não consta do inventário que está a ser efectuado pela Comissão de Arte Sacra da Diocese da Guarda mas o pároco adiantou que foram entregues fotografias da santa à Polícia Judiciária da Guarda, que está a investigar o caso. O padre ainda acredita que a estatua da padroeira de Fiães, aldeia com cerca de 200 habitantes, possa ser encontrada, embora recorde que “logo no dia a seguir ao roubo disseram-me que já estaria na França ou na Suíça porque nesses países dão muito valor a estas coisas”. O roubo foi inicialmente participado no posto da GNR de Trancoso mas passou depois para a alçada da Polícia Judiciária da Guarda que procede a investigações no sentido de localizar a réplica em granito da imagem da padroeira de Fiães.

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