Guarda: Conferências Quaresmais analisam crise e esperança em São Paulo

A quarta conferência quaresmal, que decorreu no dia 25 de Março, foi orientada pelo Padre Vasco Pinto Magalhães e abordou o tema da crise e esperança em S. Paulo. Através de palavras e conceitos simples, mas olhados de um modo diferente o Padre Vasco cativou a assembleia na exposição que fez deste tema. Começou por definir o conceito de crise que apresentou como um momento agudo, como uma situação de perturbação aguda que se pode verificar quer individual, quer comunitariamente. Recordou que devemos ter como ideal ensinar a viver em crise. Apontou, de seguida, vários tipos de crise: social, de fé, de esperança. Recordou também o significado desta palavra que provém do grego: é a faculdade de pensar bem, de pensar criticamente, fazer escolhas em tempos difíceis. Onde há pensamento crítico há esperança porque há um novo nascimento. Paulo é o homem do pensamento crítico que escreve as suas cartas a grupos com crises concretas (o problemas das mulheres de Corinto). As suas cartas vão dirigidas a pessoas concretas em situações concretas. A esperança em S. Paulo resulta de algumas palavras-chave: discernimento, sentido da dor, fé na ressurreição. Destes conceitos nasce a esperança que nos responsabiliza pelo futuro pessoal e colectivo. Em Gálatas (5) Paulo fala do ser crítico através do discernimento externo que depende sempre do discernimento interno para que possamos ter um olhar lúcido em relação ao mundo. Para podermos ser críticos para fora, temos de ser crítico dentro de nós mesmos. Na passagem atrás mencionada também encontramos pistas para a vivência correcta da liberdade. Encontramo-nos numa situação difícil, ou seja, divididos entre aquilo que em nós é carnal e espiritual. Só pelo amor e pela graça de Deus conseguimos ser espirituais. Para chegar à liberdade tenho que distinguir em mim o que é carnal e espiritual. São os frutos que mostram se sou ou não verdadeiramente livre. Saber onde estão os defeitos é meio caminho para resolver a crise e chegar à esperança. Não podemos pensar retroactivamente, mas sim de um modo projectivo, ou seja, rumo ao futuro. Em Romanos (8) Paulo recorda as lutas a travar para chegar a este futuro. O Universo está em mutação (dores de parto) para que haja futuro, por isso é que um mundo facilitista não é sinal de felicidade. É necessária coragem para viver estas dores de parto e dar-lhes um sentido positivo, uma vida nova. Esta coragem é-nos concedida pelo Espírito de Deus que intercede por nós manifestando-se como a voz da dor. Puxa por mim para que eu seja verdadeiramente feliz. A fé na ressurreição (1 Cor. 15) é o apoio para todas estas realidades. A crise não tem saída sem a ressurreição, sem o nascer de novo. Paulo é o grande teólogo da ressurreição. Este processo do morrer e ressuscitar começa no dia do nosso nascimento, por isso para nós a morte é ressurreição; é o romper do útero para sair para a Luz. Pela morte nascemos para novas realidades adquirindo uma nova corporeidade, somo puxados para novas relações. As dores de parto são sinal de esperança, esse grito é sinal do Espírito que nos quer dar outro corpo. Paulo termina a sua vida com a esperança, está prestes a assumir um novo corpo através do seu martírio. As conferências terminaram ontem, dia 1 de Abril, com a apresentação do tema “Jesus Cristo em São Paulo”, por D. Anacleto Oliveira, Bispo Auxiliar de Lisboa.

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