Governo tem de apressar plano de emergência

Eugénio Fonseca defende opção assistencialista e renova apelo à oferta de cinco por cento do subsídio de férias

Lisboa, 20 jul 2011 (Ecclesia) – O presidente da Caritas Portuguesa considera que o Governo deve acelerar a criação de um programa de emergência social sem burocracias e defende que o assistencialismo continua a ser necessário no atual momento de crise económica.

O Executivo “tem de aparecer o mais depressa possível com o plano de emergência”, até porque o Fundo Social Solidário, criado pela Igreja em 2010 para atender as carências dos mais pobres, “está a realizar a sua missão mas muito aquém das necessidades que lhe chegam”, frisa Eugénio Fonseca em entrevista à ECCLESIA.

O responsável lembra que a entidade a que preside, um dos mais importantes organismos católicos de apoio aos desfavorecidos, tem vindo a reclamar um programa similar ao agora adotado pelo Governo, proposta que suscitou objeções.

“Alguns vieram acusar-nos de querermos voltar às medidas assistencialistas. Não sejamos demagogos. Aparecem pessoas que precisam de comer, em perigo de perder a sua casa ou que estão a deixar a universidade”, sustenta.

[[v,d,2224,]]Eugénio Fonseca assinala também dificuldades no domínio da saúde, referindo-se a “medicamentos que aumentaram escandalosamente”, com consequências sobretudo em “doenças cruciais”, como as de vertente “mental”: “Amanhã podemos ter tensão social no país, embora não violenta, devido a descompensação psíquica”.

O plano de emergência deve evitar a “burocracia”, dado que a multiplicação de instâncias pode conduzir a que “só tenham acesso ao fundo aqueles que menos precisam”, porque aos mais carenciados “faltam as forças anímicas e a informação” para ultrapassar os procedimentos impostos.

“Quem está mais perto conhece os problemas com maior objetividade, podendo responder-lhes com maior realismo” acrescenta o responsável, que advoga um programa baseado nas estruturas já existentes, aposte no voluntariado e siga o modelo do Fundo Social Solidário, em que “todo o dinheiro vai diretamente para quem precisa”.

O plano de emergência social do Estado deve estar concluído até ao fim de julho, ficando em grande parte a cargo das instituições particulares de solidariedade, adiantou na sexta-feira à Renascença o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares.

O presidente da Caritas insiste no apelo à doação de cinco por cento do subsídio de férias em favor do Fundo Social Solidário, desafio dirigido “a quem pode mesmo contribuir”.

“Temos neste país pessoas com salários chorudos. Chegamos a este ponto não por falta de riqueza mas porque, desgraçadamente, a concentramos em mão de muito poucos”, lamenta.

Depois de reconhecer que “há gente que não pode dar mais”, o responsável lembra que “por vezes são aqueles que menos podem que fazem um esforço suplementar para ajudarem os outros”.

“Da magreza das suas reformas ainda repartem com aqueles que consideram que estão em situação mais difícil”, salienta Eugénio Fonseca, acrescentando que tem recebido mensagens de “muitos sacerdotes” a perguntarem como podem contribuir para o Fundo Social Solidário.

Em maio de 2008, a Caritas “falou da possibilidade de o mundo entrar em recessão económica e que Portugal seria muito afetado”, aviso que “alguns acharam exagerado”, recorda o responsável.

PTE/RM

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