Guiné-Bissau: Leigos missionários são «riqueza» para país em «enormes dificuldades», diz bispo

Igreja Católica local olha para os voluntários como uma mais-valia, na busca de soluções para problemas sociais, económicos e políticos

Lisboa, 20 jul 2011 (Ecclesia) – O bispo de Bafatá, na Guiné-Bissau, considera que os grupos de leigos missionários que todos os anos prestam serviço naquele país são «uma riqueza» e “dão um grande contributo”, através das suas capacidades pessoais e boa vontade.

“São pessoas que se dedicam verdadeiramente no âmbito da evangelização, da educação, da saúde, mesmo no sul profundo, com estradas tão difíceis, estão lá e as pessoas contam o jeito deles, é bonito e significa que aquilo foi interiorizado”, adianta D. Pedro Zilli, em entrevista concedida ao Programa da Igreja Católica desta segunda-feira, na Antena 1.

Natural do Estado de São Paulo, no Brasil, o prelado está presente na Guiné-Bissau desde 1985, altura em que foi enviado como missionário para a região de Bafatá, através do Pontifico Instituto das Missões Estrangeiras.

A vivência naquela povoação pobre do interior guineense ajudou-o a compreender as necessidades do povo e deram-lhe a experiência necessária para participar na fundação da diocese de Bafatá, que assumiu em 2001.

Ao longo dos últimos dez anos, D. Pedro Zilli teve oportunidade de assistir não só ao crescimento do número de sacerdotes e vocações religiosas, mas também à entrada de centenas de leigos, que vieram dar outra alma “a um país com enormes dificuldades no campo social, económico e político”.

Desde a proclamação unilateral de independência, em 1973 [reconhecida por Portugal em setembro de 1974], a Guiné-Bissau tem sido marcada por sucessivos conflitos militares e pela instabilidade governativa, fatores que a colocam no fundo do ranking das Nações Unidas, em termos de desenvolvimento humano.

“Quando se falava, em tempos idos, em missão, pensava-se nos padres e irmãs, o que é bom e esperemos que continue por muitos anos, mas a presença dos leigos leva uma nova dinâmica, começa-se a perceber que afinal missionários são todos os cristãos”, realça aquele responsável.

[[a,d,2223,emissão (18-07-2011) ]]Tendo frequentemente a oportunidade de acolher voluntários em sua casa, o bispo brasileiro procura sobretudo “acompanhá-los e aprender com eles, como numa família, em que a entreajuda é recíproca”.

Mais do que as habilitações profissionais de cada um, aquilo que o atrai é a capacidade destas pessoas em olhar para os problemas de uma forma inovadora e dinâmica.

“Quando há amor e entendimento, não importa de onde vem a proposta, e o voluntário, o hóspede, é aquele que vê coisas que quem está no local já não vê mais, mesmo os missionários onde eu me incluo”, conclui.

Entre os exemplos de esforço missionário, por parte de leigos portugueses na Guiné-Bissau, está a atuação da Fundação Evangelização e Culturas, organização não-governamental católica criada em 1990 pela Conferência Episcopal Portuguesa.

Atualmente, a FEC desenvolve projetos no âmbito dos direitos humanos, de capacitação das estruturas da Igreja Católica naquele país, e da promoção de um ensino e formação de qualidade para as populações locais.

JCP

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