Governo/Educação: Antigo secretário de Estado espera fim de «obsessão avaliativa»

Joaquim Azevedo defende colaboração com a sociedade civil, pedindo maior autonomia escolar

Lisboa, 21 jun 2011 (Ecclesia) – O presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Joaquim Azevedo, defendeu hoje a necessidade de uma “nova política pública de educação”, apelando ao fim da “obsessão avaliativa”.

“A obsessão avaliativa só serve a tecnologia social e política que a sustenta (muito populista, aliás), não vai servir para nada em termos de melhoria do desempenho dos professores, dos alunos e das escolas. Será uma obsessão que passará como todas as outras paixões que já por cá passaram”, escreve o professor catedrático da UCP, em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, esta terça-feira.

No dia da tomada de posse do XIX governo constitucional, de coligação PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho, Joaquim Azevedo declara que o país vive “uma situação de bloqueio, que a atual crise só vem agravar”.

“Estamos bloqueados: porque entendemos que a educação é uma questão técnica, que se resolve com bons gabinetes e com base na iluminação que invade a 5 de outubro, em cada mudança do governo”, lamenta.

O antigo secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário (1992 e 1993) pede apoio para as famílias e a promoção de “percursos educativos de qualidade por parte de todos os alunos”.

Joaquim Azevedo afirma que “os professores são permanentemente desfocados do seu trabalho essencial, ensinar” e que “a administração educacional labora sob o signo da desconfiança, desfazendo o que com liberdade e autonomia se vai construindo”.

Neste sentido, o responsável da UCP apela a uma “conceção do bem público educacional como uma construção social e política realizada no espaço público, com a participação de toda a sociedade”.

“É urgente focar a educação em melhor ensino e em melhores aprendizagens por parte de cada criança, jovem ou adulto, o resto pouco interessa”, prossegue.

Num momento de crise, frisa Joaquim Azevedo, “focar os recursos no essencial passa a ser uma prioridade irrenunciável”, que deve incluir na rede escolar “todas as incitativas que contribuem para melhor ensino e melhores aprendizagens, tenham elas o estatuto jurídico que tiverem”.

O novo ministério da Educação, acrescenta, deve “aplicar um novo estatuto de ampla e verdadeira autonomia escolar, em que cada agrupamento ou escola contratualiza, no prazo máximo de três anos, aquilo que vai fazer para atingir as suas novas metas de melhoria nas aprendizagens”.

Para o presidente do Centro Regional do Porto da UCP, deve ser criado “um novo, eficaz e independente meio de avaliação externa das escolas, apto igualmente a desencadear dispositivos de apoio às escolas com pior desempenho”.

O novo ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência é Nuno Crato, matemático, professor catedrático, pró-reitor da Universidade Técnica de Lisboa.

O ato formal de posse dos 11 ministros do novo executivo e de dois secretários de Estado decorreu às 12h00, no Palácio da Ajuda, Lisboa.

OC

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