Francisco/9.º aniversário: Papa ajudou a tornar Igreja «mais humana» – Ricardo Perna

Jornalista da «Família Cristã» e Octávio Carmo, da Agência ECCLESIA, avaliam pontificado de mudança e proximidade

Foto: Vatican Media

Lisboa, 12 mar 2022 (Ecclesia) – O jornalista Ricardo Perna, da ‘Família Cristã’, destacou o impacto do pontificado de Francisco para a “humanização” da Igreja Católica e da própria figura do Papa.

“O mais impressionante no seu pontificado é a capacidade de tornar a Igreja mais humana”, refere, em conversa com o jornalista Octávio Carmo, da Agência ECCLESIA, a respeito do 9.º aniversário de eleição de Francisco.

Ricardo Perna sublinha a “humanização da Cátedra” de Pedro – discípulo de Jesus, que a Igreja Católica considera o primeiro Papa – falando numa “revolução na continuidade”.

“A ideia de Igreja em saída é uma mudança e, ainda hoje, há dificuldade em aceitar esta ideia, há dificuldade em perceber que não pode estar à espera das pessoas, mas tem de ir ao seu encontro”, acrescenta.

Octávio Carmo aponta Francisco como “uma, se não mesmo a última, grande reserva moral da humanidade”, recordando os sucessivos apelos pelo fim dos conflitos militares em vários países, como acontece atualmente com a guerra na Ucrânia.

Ricardo Perna evoca, a este respeito, a imagem do Papa, sozinho na Praça de São Pedro, a 27 de março de 2020, com a bênção extraordinária ‘urbi et orbi’ no primeiro confinamento provocado pela pandemia de Covid-19.

“Transformou, ainda mais, a forma como as pessoas viam Francisco e uniu-as ainda mais. Essa é uma marca que ele vai deixar”, afirma.

O cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires (Argentina), foi eleito, após dois dias de conclave, como sucessor de Bento XVI, na noite de 13 de março de 2013, assumindo o inédito nome de Francisco; é o primeiro Papa jesuíta e também o primeiro sul-americano, na história da Igreja.

Os dois jornalistas, com acreditação permanente na Sala de Imprensa da Santa Sé, recordam os primeiros momentos do Papa, na varanda da Basílica de São Pedro, que revelaram desde logo, segundo Ricardo Perna, um “estilo missionário”, de proximidade, que viria a marcar os passos iniciais do pontificado e gerou forte atenção mediática.

Octávio Carmo considera que a realização das duas assembleias do Sínodo sobre a família, em 2014 e 2015, com a mobilização global das comunidades católicas, foi o momento em que o pontificado começou a ganhar um “rumo mais visível”, aos olhos da opinião pública.

“Percebeu-se que havia a intenção de mudar algo, realmente, e não apenas de ir repetindo receitas, à espera de resultados diferentes”, precisa.

A Igreja Católica vive desde outubro de 2021 até 2023 um novo processo sinodal, que procura envolver todas as comunidades católicas na definição de prioridades e formas de atuação para o futuro.

A publicação da encíclica ‘Laudato Si’, sobre a “ecologia integral”, em 2015, é vista como outro momento fundamental do pontificado, mostrando, para Octávio Carmo, “um Papa realmente empenhado em mudar o mundo”.

“A grande luta intelectual de Francisco é contra a cultura do descarte, do desperdício”, não apenas de recursos, mas dos seres humanos “que não produzem ou não consomem”, no atual sistema socioeconómico e financeiro.

Ricardo Perna aponta a “uma Igreja muito atenta ao mundo” e que se predispõe a acompanhar as suas preocupações, “pressionando a sociedade para a mudança”, pelas palavras e pelo próprio exemplo.

Outra prioridade identificada pelo jornalista é a mudança de cultura no que diz respeito aos abusos sexuais, na Igreja Católica, promovendo uma resposta obrigatória, das várias instituições católicas, no que diz respeito à proteção de menores e adultos vulneráveis.

“É um trabalho que tem de marcar o futuro da Igreja”, observa.

Os dois jornalistas realçam ainda a relação “especial” do Papa com Portugal, a partir da centralidade de Fátima no mundo católico contemporâneo,

A atenção às “periferias”, a valorização do diálogo inter-religioso e da fraternidade humana ou a resposta aos dramas dos refugiados e migrantes são outros dos temas abordados na conversa.

O 9.º aniversário da eleição do Papa Francisco está em destaque na emissão do programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, este domingo, depois das 06h00.

OC

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