Atual guardião do Convento do Varatojo evoca frei Armindo Carvalho e frei António Castro, que faleceram com 81 e 90 anos, respetivamente
Torres vedras, 27 nov 2020 (Ecclesia) – Frei Hermínio Araújo, guardião do Convento de Varatojo (Torres Vedras), disse que é com “tristeza grande mas uma esperança maior ainda” que vivem a morte de frei Armindo Carvalho e frei António Castro “dois grandes missionários” Franciscanos.
“Nunca estamos preparados para a partida de um irmão mas vivemos todas estas coisas com uma esperança grande sobretudo numa atitude de louvor ao Senhor, de agradecimento, mas louvor exatamente como São Francisco de Assis no ‘Cântico das Criaturas’ por aquilo que foi a vida e o testemunho que é o legado deles na vida de cada um de nós”, afirmou em declarações à Agência ECCLESIA.
O guardião do Convento franciscano de Varatojo explica que estão a viver “o luto rezando por eles mas sobretudo rezando muito com eles” e vivem “o luto muito ao jeito de São Francisco de Assis, louvando o Senhor por aquilo que foi e é a sua vida”.
Frei Armindo Carvalho, antigo provincial dos Franciscanos em Portugal, faleceu esta terça-feira (24 novembro) aos 81 anos de idade, e frei António Castro faleceu com 90 anos de idade, no dia 20 de novembro.
“Com a perda destes dois irmãos perdemos muito, muito, dois grandes pilares da nossa atividade, a Província Portuguesa da Ordem Franciscana tem este ADN missionário, os padroeiros são os Mártires de Marrocos que estiveram na origem da vocação franciscana de Santo António”, explicou.
Frei Hermínio Araújo salientou que “quer o frei Armindo Carvalho, quer o frei António Castro são dois grandes missionários” e “completam-se nas duas facetas do ser missionário Franciscano”, o primeiro “durante várias décadas como missionário em Moçambique” e o segundo “na sensibilização em muitas zonas” de Portugal para a atividade missionária.
Frei Armindo Carvalho em Moçambique, por exemplo, foi “representante da Província Portuguesa, esteve na organização da visita do Papa João Paulo II, e teve um papel fundamental no processo de paz com a Comunidade de Santo Egídio”.
Já sobre frei António Castro lembra o trabalho com a União Missionária Franciscana, “um grupo sobretudo de leigos, com o apoio dos Franciscanos, de oração, de formação missionária, de sensibilização missionária e recolha de fundos”, tendo sido responsável pela procuradoria da Zona Oeste, também “na sua terra-natal, na zona em Travassô (Águeda) na Diocese de Aveiro”, onde “fez como que um polo de irradiação missionária”.
“Conheço-o há 30 anos, desde que fiz o meu noviciado, sempre pronto para ajudar e sempre pronto para me ajudar porque ele foi várias vezes também guardião de Varatojo, vigário, ecónomo. Um irmão muito ligado à vida deste convento que estamos a celebrar 550 anos. Até brincava com ele: Frei Castro dos 550 anos, 50 são seus”, recorda de alguém “muito significativo, muito presente, muito amigo e muito irmão”.
O entrevistado, que estava em viagem para Travassô onde o bispo de Aveiro vai presidir à Missa de 7.ºdia, recorda que frei António Castro aos 90 anos e na atual situação de pandemia, onde “tinha o cuidado de não estar a pedir coisas para não o expor muito”, muitas vezes dizia que estava disponível, era “um irmão muito próximo, muito amigo, muito solícito, muito disponível”.
Na próxima segunda-feira, o Convento de Santo António de Varatojo celebra também a Missa de 7º dia, às 21h00, pelo frei Armindo de Carvalho onde “esteve alguns anos como mestre de noviços e a presença também foi muito marcante, e era um irmão muito próximo das pessoas”.
“Ainda há poucos dias na ECCLESIA tive a oportunidade de partilhar várias coisas, durante uma semana, sobre o que é viver o luto e estou a viver isto bem na pele, na vida; Estou a fazer a experiência daquilo que teoricamente tenho dito muito. Mesmo as próprias celebrações tivemos que ter muita criatividade para manter estas celebrações em segurança”, concluiu frei Hermínio Araújo que foi um dos convidados das «Conversas no Silêncio».
CB/PR
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