Franciscanos em Capítulo Geral

Iniciou-se no dia 24 de Maio, na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, Itália, o 187.º Capítulo Geral dos Franciscanos (Ordem dos Frades Menores). O encontro, que decorrerá até 20 de Junho, reúne 152 delegados. A assembleia, que é convocada a cada seis anos, tem como objectivos avaliar a vida da Congregação, programar as linhas de acção e eleger o Governo dos cerca de quinze mil irmãos que vivem e trabalham em 113 países.

Entre os assuntos tratados durante a primeira semana do Capítulo pelos dez grupos linguísticos, destaca-se o tema da «Missão». O Ministro Geral, Fr. José Rodríguez Carballo, sublinhou que a Ordem existe para a missão, mas para isso os irmãos devem ter um olhar aberto ao mundo e serem capazes de acolher as exigências dos seus contemporâneos, respondendo-lhes com generosidade, criatividade e audácia. É a partir da contemplação de Cristo, que vem ao encontro do homem e se coloca ao seu nível, que nasce a atitude que impulsiona os irmãos a ir como pobres para o meio dos pobres, fazendo resplandecer a imagem de Deus sobre o rosto de cada um. Os delegados abordaram igualmente questões relacionadas com a formação e o diálogo inter-religioso e inter-cultural.

Os primeiros dias do Capítulo foram também marcados pela comunicação feita pelo Ministro Geral sobre os seus sonhos para a família franciscana: que tenha a capacidade de escolher uma vida mais contemplativa, plena de entusiasmo por Jesus Cristo, capaz de ir às periferias, às fronteiras, aos claustros desumanos, num mundo de pessoas marginais, feridas e inseguras, anunciando-lhes o rosto misericordioso de Deus, a fraternidade, a reconciliação, a paz e a solidariedade.

Esta semana será dedicada quase inteiramente à eleição do novo Ministro, marcada para o dia 4 de Junho, numa sessão presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos. O Capítulo elegerá igualmente o novo Governo da Ordem.

 

História dos Capítulos Gerais

Tomás de Celano – o frade biógrafo de S. Francisco – descreve as duas primeiras reuniões da primitiva família franciscana. O primeiro encontro é apresentado da seguinte maneira: quando a fraternidade chegou aos oito frades, "o beato Francisco reuniu todos e, depois de lhes ter falado do Reino de Deus, do desprezo do mundo, da negação da própria vontade e do domínio que se deve exercer sobre o próprio corpo, dividiu-os em quatro grupos de dois e disse-lhes: ‘Ide, queridíssimos, de dois em dois, pelas várias partes do mundo e anunciai aos homens a paz e a penitência para a remissão dos pecados'".

O segundo encontro é descrito nos seguintes termos: "Passado um breve período, São Francisco, desejando ver todos novamente, orou ao Senhor, que reúne os filhos dispersos de Israel, que se dignasse na sua misericórdia reuni-los de imediato. E no mesmo momento, segundo o seu desejo, e sem que alguém os tivesse chamado, encontraram-se e deram graças a Deus", falando "dos benefícios recebidos do Senhor misericordioso", tendo pedido e obtido "humildemente a correcção e a penitência do beato pai pelas eventuais culpas de negligência e ingratidão".

Quando o número de frades impossibilitou a frequência inicial dos encontros e se considerou ser oportuno contar com normas mais precisas e organizadas, foi decidido fixar as assembleias em períodos fixos e com uma melhor articulação. Em 1212 o encontro converteu-se num Capítulo propriamente dito, quando Francisco estabeleceu que ele haveria de se realizar duas vezes por ano – no Pentecostes e na festa de São Miguel (Setembro). A frequência das sessões passou a ser anual logo em 1212, regra que permaneceu até 1217. Nesse mesmo ano, o aumento numérico e geográfico da Ordem conduziu à decisão de a dividir em Províncias; foi igualmente reconhecida a impossibilidade de reunir todos os irmãos no Capítulo, pelo que esta assembleia passou a convocar apenas os Ministros.

Em 1223 estabeleceu-se que o Capítulo dos Ministros provinciais deveria ser celebrado no Pentecostes, de três em três anos, frequência que poderia ser alargada ou diminuída de acordo com a decisão do Ministro da Fraternidade. A fixação obrigatória da periodicidade trienal foi decidida em 1239, ano em que foram promulgadas as primeiras Constituições. O núcleo desta norma manteve-se até à divisão da Ordem, que ocorreu em 1517. O período de seis anos para a realização do Capítulo Geral, que está actualmente em vigor, foi decidido depois do aparecimento dos diferentes Ramos da família franciscana.

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