Fátima: Santuário saúda novo passo no caminho para a beatificação da Irmã Lúcia

«Esperamos agora que surja depressa um milagre para podermos participar na grande festa da sua beatificação e canonização» – D. António Marto

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 22 jun 2023 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima saudou hoje o passo no caminho para a beatificação da Irmã Lúcia, com a publicação do decreto que reconhece as virtudes heroicas da religiosa.

O cardeal D. António Marto, membro do Dicastério para as Causas dos Santos (Santa Sé) e bispo emérito da diocese de Leiria-Fátima, destaca a “forma discreta e humilde” como a vidente e religiosa carmelita viveu, “procurando a verdade e não a notoriedade, sempre escondida, mas sempre presente a todos”.

“Esta sua espiritualidade, santidade e virtudes são muito humanas: ela não era uma extraterrestre, não vivia fora da nossa órbita; foi humana e muito feminina, uma mulher inteligente e perspicaz, desembaraçada e solidária, cheia de alegria e humor contagiante como testemunham as irmãs do Carmelo”, indica o responsável, numa reação divulgada pelo Santuário de Fátima.

O Papa aprovou esta manhã a publicação do decreto que reconhece as virtudes heroicas da Irmã Lúcia, que passa a ser designada como “venerável”.

Esta é uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade; para a beatificação, é agora necessária a aprovação de um milagre atribuído à intercessão da religiosa carmelita.

“Esperamos agora que surja depressa um milagre para podermos participar na grande festa da sua beatificação e canonização”, aponta D. António Marto.

Já D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, fala da Irmã Lúcia como “o exemplo do efeito da mensagem de Fátima junto de quem se aproxima dela, numa vida entregue a Deus”.

A fase diocesana do processo de beatificação e canonização da Irmã Lúcia de Jesus chegou ao fim a 13 de fevereiro de 2017, na igreja do Carmelo de Coimbra.

O processo implicou a análise de milhares de cartas e textos, além da auscultação de 61 testemunhas.

Lúcia Rosa dos Santos, a irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, faleceu a 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade, depois várias décadas vividas em clausura no Carmelo de Coimbra.

Este processo teve início em 2008, três anos após a sua morte, tendo na altura o agora Papa emérito Bento XVI dispensado o período de espera de cinco anos determinado pelo Direito Canónico.

Francisco e Jacinta Marto, os outros dois videntes de Fátima, foram canonizados pelo Papa Francisco, na Cova da Iria, a 13 de maio de 2017.

“Se os dois primeiros pastorinhos representam a idade da infância, aqueles que foram objecto do especial carinho de Maria, Lúcia representa a idade adulta, a idade da razão, das memórias meditadas, amadurecidas e transmitidas pela sua própria pena”, indica D. José Ornelas.

O padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, evoca, por sua vez, “uma figura marcante no século XX português, uma figura marcante na Igreja apesar da sua vida discreta”

A declaração de reconhecimento das virtudes heroicas, acrescenta, é um motivo de “alegria carregada de responsabilidade”.

“Se a Igreja reconhece a heroicidade das suas virtudes é fundamental que procuremos dar a conhecer melhor e mais profundamente a vida desta venerável, que procurou viver de forma intensa a sua relação com Deus”, indica o sacerdote.

A vice-postuladora da causa de beatificação e canonização da Irmã Lúcia, irmã Ângela de Fátima Coelho, aponta a uma “figura universal”.

“Lúcia reúne em si toda a espiritualidade da mensagem de Fátima e também a espiritualidade do Carmelo; mas é uma figura que ultrapassa os limites deste espaço físico de Fátima e do Carmelo, porque Lúcia é uma figura universal. Creio que pode ser uma fonte inspiradora para tantos de nós que caminhamos em busca do Senhor, que passamos por momentos difíceis, por momentos confusos”, refere a responsável, numa mensagem divulgada pelo Santuário de Fátima.

A religiosa, que foi a postuladora da Causa de Canonização dos santos Francisco e Jacinta Marto, pede oração para que um milagre possa acontecer e prosseguir o processo.

“Pedimos aos peregrinos que se encomendem a ela; que peçam graças à Irmã Lúcia. Falta um milagre primeiro para a beatificação e depois outro para a canonização. Mas não é só pelos milagres que podemos obter e que fazem falta para o processo da causa avançar; é também pela alegria que sei que é ter esta mulher como companheira de viagem e como amiga”, conclui.

O Santuário de Fátima publicou ainda uma nota biográfica sobre a nova venerável e uma cronologia.

OC

Igreja/Portugal: Papa abre caminho para beatificação da Irmã Lúcia

 

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Agência ECCLESIA

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