Fátima: peregrinação sob o signo da crise

O recinto do Santuário de Fátima encheu para acompanhar a procissão e participar na Eucaristia deste 13 de Maio, celebração que marca os 92 anos das aparições em Fátima. 123 grupos de 25 países uniramm-se aos milhares de portugueses que se deslocaram à Cova da Iria. A presidir à celebração esteve D. Óscar Maradiaga, Presidente da Cáritas Internacional. Na sua homilia, o Cardeal hondurenho referiu que “o nosso mundo encontra-se submerso em profundas crises de fé, de ética, de humanidade e parece ter perdido a orientação moral”. “A crise financeira que estamos a viver é simplesmente um sinal disto. A mão invisível que supostamente teria que guiar o mercado, tornou-se uma mão desonesta e cheia de cobiça”, denunciou. “Já não sabe onde está a fronteira entre o bem e o mal. Pode ser que tenha uma próspera bolsa de valores, mas sem valores”, disse ainda. D. Óscar Maradiaga destacou que “a Virgem de Fátima trouxe-nos a mensagem do Santo Rosário que não passou de moda, como pensam alguns”. “Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade que devem distinguir os discípulos do seu Filho. Indica, além disso, qual é a pedagogia para que os pobres, em cada comunidade cristã, se sintam como em sua casa”, apontou. O Arcebispo de Tegucigalpa falou do exemplo de Maria e da actualidade da mensagem de Fátima: “Na primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, parecia que estava perdida toda a esperança. Ameaças terríveis espreitavam o mundo. Ela veio trazer-nos a esperança que brota da Divina Providência de um Deus que é amor e que não abandona a obra das suas mãos”. Também hoje, prosseguiu, “com o exemplo e o auxílio da Virgem, as comunidades cristãs continuam a missão de conduzir ao encontro com Cristo e, por isso, a invocamos novamente como Estrela da nova evangelização”. “Que Nossa Senhora de Fátima, que concebeu primeiro a Jesus Cristo no coração e depois nas suas entranhas, continue a ser mãe e modelo de fecundos discípulos missionários na Igreja de Portugal e de todo o mundo e nos guie nos novos caminhos pastorais e espirituais”, em especial neste tempo de dificuldade, concluiu. Ontem, apesar da noite fria, o Santuário de Fátima juntou cerca de 200 mil pessoas para ouvir a mensagem que o Cardeal trouxe. À Agência ECCLESIA o Cardeal Maradiaga destacou a mensagem de “esperança e de fé” do local. “A mensagem de Fátima é muito actual”, referiu. “Em 1917, viviam-se anos muito difíceis, em plena Guerra Mundial. Havia também muita pobreza e mensagem de Maria foi de esperança”. Também o Bispo de Leiria–Fátima, D. António Marto quis ter presente nesta celebração aniversária a crise e as dificuldades que os portugueses atravessam, referindo que a simples participação não é suficiente. “Deve provocar um assumir das responsabilidades a favor dos que precisam” e infundir “coragem para dar os passos necessários para resolver a situação actual”. Segundo informações do Santuário de Fátima inscreveram-se para a benção dos doentes 424 peregrinos. Foram 779 os peregrinos de cumpriram as suas promessas e 872 a passar pelo lava-pés. Ao serviço aos peregrinos encontravam-se quase 200 servitas. Também 38 escuteiros, três médicos e cinco enfermeiros estão ao dispor dos fiéis. A Eucaristia de hoje foi concelebrada por 21 Bispos e 360 sacerdotes. Notícias relacionadas • Homilia na peregrinação internacional aniversaria do 13 de Maio

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