Bela Vista: Eugénio Fonseca pede concertação

Presidente da Caritas portuguesa lamenta que comunicação social valorize tensão e não os projectos de integração Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, pede uma concertação para se ultrapassar a tensão de se vive na bairro da Bela Vista. “O Bairro deve ser encarado de forma diferente”, considerou à Agência ECCLESIA, referindo “não ser justo o que está a acontecer”, provocado por uma “minoria que nem mora lá”. O bairro da Bela Vista, em Setúbal regista desde a passada Quinta-feira, dia 7, momentos de tensão, com incidentes e disparos contra a esquadra da polícia, tiros para o ar, rebentamento de petardos e incêndio de viaturas. Eugénio Fonseca indica que são cerca de quatro mil pessoas a residir no Bairro, que “ficam tristes com toda a mediatização que não contribuiu para a inclusão e auto estima colectiva”. O Presidente da Cáritas destaca “há muito de bem naquele bairro”. “Há mais de 20 anos ajudei a construir o Centro Social” e, “mesmo saindo de lá às duas ou três da manhã nunca tive problemas, nunca fui maltratado”. O Presidente da Cáritas portuguesa afirma que a tensão vivida “é sintoma da perda de valores e referenciais que os mais velhos deixaram de dar aos mais novos”. “Damos referenciais que não são valores. Referenciais do ter, do poder, do heroísmo, de ser protagonistas”, afirma, recordando um estudo recente realizado no Bairro que indica que “os jovens quando questionados sobre o seu futuro dizem querer ser ricos, Isto diz muito”. Os jovens que instigam a tensão “não são estrangeiros, são portugueses formados nas nossas escolas, por isso todos temos de ser co-responsáveis”. Eugénio Fonseca afirma que os problemas de Setúbal não são exclusivos da Bela Vista. “As pessoas são vítimas da situação estrutural”. A forma como o bairro está organizado “não facilita um trabalho de integração”, um trabalho comunitário. “O bairro tem seis quilómetros de corredores”, denuncia, indicando que o poder central tem de ajudar a autarquia a encontrar “meios necessários para que a requalificação se faça não só nos espaços públicos mas também nas habitações”. Uma volometria desajustada, materiais “muito maus”, que “se degradam com muita facilidade”. Eugénio Fonseca lamenta que a comunicação social não “valorize as coisas bonitas que lá se fazem”. O Presidente da Cáritas destaca o acompanhamento aos jovens, às mães adolescentes, projectos de integração familiar “e a comunicação social não valoriza e só aparece quando há tensão”. O bairro da Bela Vista foi palco esta noite de uma procissão pela paz. Depois dos incidentes que ocorreram nos últimos dias, a procissão que partiu da Igreja de Nossa Senhora da Conceição decorreu de forma pacífica, juntando centenas de fiéis. “A violência nunca constitui uma resposta justa”, disse o pároco, Pe. Constantino Alves.

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