Fátima: Pais com filhos portadores de deficiência vivem experiência «transformadora» no Santuário

Iniciativa dos Irmãos Silenciosos Operários da Cruz

Fátima, 31 ago 2017 (Ecclesia) – Há 11 anos que pais com filhos portadores de deficiência têm a possibilidade de viver em Fátima uma semana diferente, de partilha e convívio, graças a um projeto dinamizado pelos irmãos Silenciosos Operários da Cruz.

A iniciativa, que conta com o apoio do Santuário de Fátima e do Movimento da Mensagem de Fátima, reuniu este ano 80 jovens e 40 pais, apoiados por dezenas de voluntários, e teve dois verbos essenciais: “dar” e “receber”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, acerca da edição 2017 deste campo de férias especial, que terminou esta quinta-feira, Rosa Magalhães, uma das mães presentes, destaca a oportunidade de “conhecer mais pessoas” que vivem a mesma realidade familiar e que se podem “ajudar” mutuamente nas suas dificuldades.

“Não há palavras para descrever o que recebemos. Dá-nos uma força enorme para vivermos, para continuarmos a ajudar e a receber ajuda, é muito importante ao longo do ano”, salienta a progenitora.

Rosa Magalhães já participou nesta atividade em Fátima várias vezes e destaca a forma entusiástica com que o filho vive estes momentos e a sua ligação a este local da Cova da Iria.

“Todos os dias manifesta a vontade em ir para Fátima e de dormir lá”, adianta.

Sobre a ação dos irmãos Silenciosos Operários da Cruz, esta mãe sublinha a forma como a congregação, através destas atividades, ajuda os pais a superarem medos e barreiras interiores, a encararem de outra forma a situação dos filhos portadores de deficiência, e dá um exemplo.

“O meu filho foi puxado para acólito e hoje é acólito na sua paróquia, participa todos os domingos. Eu não acreditava. Conhecer aqui os operários silenciosos da Cruz transformou o meu coração”, reconhece.

No caso de Deolinda Brito, ela faz destes dias “as férias que tem ao longo do ano”, com o seu filho Ricardo.

“Ele gosta, sabe que faz-lhe bem. Ele não fala mas ouve e eu sinto que ele está contente. Eu não sei como agradecer a estes irmãos. Foram uns anjos que me apareceram”, referiu.    

As semanas para pais e filhos portadores de deficiência começaram a 27 de julho com um turno orientado para jovens entre os 17 e os 20 anos.

Registaram-se ainda mais três semanas, até esta quinta-feira, dia 31 de agosto, neste caso para mais novos acima dos 20 anos.

Em qualquer um dos casos, os pais podiam escolher se ficavam com os filhos ou se os deixavam ao cuidado dos voluntários.

O padre Johnny Freire, coordenador deste projeto, faz “um balanço muito bom” das atividades, que se têm revelado muito “enriquecedoras” tanto para pais e filhos como para os voluntários.

“Seja com jovens sozinhos confiados aos voluntários, seja dos filhos que vêm com os pais, a prioridade é sempre para os que vêm pela primeira vez ou para os casos mais críticos. Há muitos pais que a única semana que saem de casa é esta”, frisou o sacerdote.   

Para Flávio Soares, foi a oitava vez que rumou a Fátima para ajudar na concretização deste evento, e destaca um tempo diferente, fora da azáfama do trabalho quotidiano, e sobretudo um tempo para “aprender”.

“Nós aprendemos muito com estes jovens, e esse é o primeiro ponto da resposta a porque é que existem pessoas com deficiência: porque nos podem ensinar muito, a importância das pequenas coisas, que aquilo que vale na vida é o amor. Claro que há dificuldades, há cansaços, não vivemos numa utopia, mas tudo é vencido, mais do que pelas nossas capacidades, pelo amor”, defende aquele voluntário, de 25 anos.

Leonor Francisco, outra voluntária deste projeto, com 18 anos, realçou a importância da sociedade “olhar de maneira diferente para as pessoas com deficiência”.

“Não como se fossem uns coitadinhos mas mais como pessoas, que merecem mais carinho”, sustentou.

 As atividades de verão têm lugar na Casa Francisco e Jacinta Marto, dos irmãos Silenciosos Operários da Cruz.

Para 2018 está prevista a realização de uma semana extra, uma quinta semana para pais com filhos portadores de deficiência.

CB/JCP

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