Famílias portuguesas desafiadas a serem primeiras evangelizadoras

No momento em que as atenções da Igreja Católica se centram no V Encontro Mundial das Famílias, em Valência, ganha destaque a temática de transmissão da fé no contexto familiar, motivo de reflexão nas diversas iniciativa do Encontro, que terá o seu momento culminante com a visita do Papa, no próximo fim-de-semana. O programa ECCLESIA quis saber como vivem as famílias portuguesas este desafio de transmitir a fé às novas gerações. Ana Cid, secretária-geral da Associação Portuguesa da Famílias Numerosas (APFN), explica que mais do uma aprendizagem de conteúdos, essa transmissão é feita, em particular, pela “vivência quotidiana”. “Muitas famílias são transmissoras de fé, mas tem de ser uma fé mais vivida, mais sentida, mais trabalhada, porque temos de perceber o que isso implica na nossa vida”, acrescenta. Benjamim Ferreira, Director do Secretariado Nacional do Laicado e Família (SNLF), lembra que “muito mudou” ao longo dos últimos anos, afectando, necessariamente, a forma como a fé é transmitida nas famílias. “A transmissão da fé na família, que noutros tempos talvez passasse por formas mais catequéticas – basta pensar na aprendizagem de uma oração -, tem hoje outras formas e, sobretudo, a consciência do que significa a fé passa por um âmbito muito mais amplo”, precisa. Com a crescente presença de propostas concorrenciais, a contrapor aos hábitos católicos que marcavam muitos fins-de-semana em família, as famílias correm o risco de se afastarem da vivência da fé. “Como aconteceu ao longo da sua história, também agora a Igreja é chamada a encontrar formas adequadas para a situação que vive, sem perder de vista a vivência e o anúncio da fé”, assinala Benjamim Ferreira. Ana Cid, mãe de quatro filhos, exemplifica, referindo que na sua casa “procuramos manter a oração familiar, porque se não for assim, a fé não é coerente”, sem esquecer a necessidade de “formação” para explicar o porquê dessa mesma fé, tanto dentro da família, como junto de outras pessoas. “Para nós, se a fé era algo que fazia parte da nossa vida, também faria parte da vida dos nossos filhos, não fazia sentido ser algo sobre o que eles mais tarde fossem decidir”, acrescenta. Benjamim Ferreira destaca o papel dos movimentos e novas comunidades na vida das famílias cristãs dos nossos dias, “oferecendo um sentido de comunidade, de família num sentido alargado”. A coordenação da pastoral familiar, assegura, procura integrar os contributos destas realidades eclesiais, dado que “todos tocam, de certa forma, a vida das famílias”.

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