Campanha da selecção terá poucos reflexos na economia

Opinião do economista João César das Neves Depois da saga vitoriosa da selecção portuguesa em terras germânicas rumo à vitória final, Portugal caiu aos pés da selecção gaulesa. Agora limita-se a lutar pelo último lugar do pódio. Um trajecto eufórico mas o impacto “sobre a situação económica portuguesa é muito pequeno” – disse à Agência ECCLESIA João César das Neves, economista e professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Esta caminhada tem “efeitos negativos e também efeitos positivos”. Segundo este professor da UCP, o lado positivo centrou-se “na emoção e no contentamento dos portugueses”. O reverso da medalha é que as pessoas “andaram a pensar noutras coisas e não produziram durante estes dias”. E adianta: “muitos até faltaram aos empregos”. O facto da selecção nacional ter chegado onde chegou “é provavelmente mais importante do que cinco ou seis pontos PIB”. “Não se pode avaliar as coisas simplesmente por razões mecânicas e económicas”. Será um motor de arranque para resolver o problema da crise que afecta o país? “Não é por isto que as pessoas vão investir mais ou menos” – sublinha João César das Neves. No mundo da economia, alguns peritos afirmam que o país que vencer o Mundial de Futebol terá um impulso positivo na economia. “Duvido muito disso e acho que não é verdade” – disse. A euforia dos portugueses com o comportamento da selecção ocupou a comunicação social. “A Comunicação Social é monotemática e quando arranja um assunto só olha para ele, é um problema antigo” – lamenta o economista. Por outro lado – realça César das Neves – foi “bom que a sociedade estivesse empenhada com este assunto porque sentimo-nos como um corpo a apoiar a selecção”. Mesmo perdendo com a selecção francesa parece que tudo se encaminha para que “não nos sentimos miserabilistas”. É um sinal de amadurecimento que a sociedade portuguesa “não tinha há pouco tempo” Numa Europa Unida, o excesso de bandeiras não é visto por César das Neves como um nacionalismo exacerbado. “É saudável e razoável até porque nos Estados Unidos também acontece que o Texas é o Texas e a Califórnia é a Califórnia”. A identidade nacional “não se deve perder na Europa unida” – sublinha.

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