Família, projecto de Deus

Carta Pastoral do Arcebispo de Évora Nos últimos três anos, a Arquidiocese de Évora dedicou uma particular atenção à família, através do plano pastoral, que teve início no ano 2003-2004. Este plano pretendeu dar resposta a uma aspiração profunda da comunidade diocesana, sobretudo dos responsáveis por este sector pastoral: casais, sacerdotes, catequistas e movimentos familiares. A família está a enfrentar, na verdade, problemas novos neste período histórico da entrada no novo milénio, marcado por mutações culturais que estão a afectar a sua natureza, missão e estabilidade. Conscientes de que existe um projecto de Deus Criador acerca da instituição familiar, a nossa comunidade diocesana sentiu que era urgente fazer uma reflexão séria à luz da fé sobre esta realidade, e estabelecer grandes linhas de acção para o futuro, que, na fidelidade ao que é essencial e perene, respondam aos novos desafios. O plano pastoral desenvolveu-se em três etapas. A primeira, sob o tema “Família, que dizes de ti?”, correspondeu ao ano 2003-2004 e pretendeu olhar para a realidade concreta. Seguiu-se, no ano 2004-2005, o tema “Família, torna-te aquilo que és”. A finalidade desta segunda etapa consistia em pôr em evidência, no meio das diversas correntes de pensamento e de acção actuais, a concepção cristã da família. Estamos a chegar ao termo do terceiro ano. Com a escolha do tema “Família, comunidade insubstituível”, não só se afirma a certeza de que este é um tempo de formar famílias novas à luz do Evangelho, e de promover a sua dignidade e missão, mas também se pretende apresentar algumas linhas orientadoras para o futuro. Não deixará de ser útil enquadrar este trabalho diocesano numa perspectiva mais completa, que abranja a doutrina do Magistério e as iniciativas universais da Igreja, no campo do matrimónio. De facto, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, desenvolveu-se uma intensa actividade eclesial em favor da família, no campo do ensinamento do Magistério, da reflexão teológica e das acções concretas. Um marco de particular relevo naquele período foi o Sínodo dos Bispos de 1980, consagrado à família, do qual resultou a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, do Papa João Paulo II. O actual Pontífice, Bento XVI, em diversas ocasiões, não tem deixado de iluminar com os seus ensinamentos, a natureza e o papel da família, como célula da sociedade e da Igreja. Assim, no discurso que proferiu para a Diocese de Roma, logo em 6.06.2005, afirmou: “Matrimónio e família não são, na realidade, uma construção sociológica casual, fruto de particulares situações históricas e económicas. Pelo contrário, a questão da justa relação entre o homem e a mulher mergulha as suas raízes na essência mais profunda do ser humano, e só a partir daqui pode encontrar a sua resposta”. Prova deste interesse do Santo Padre é a sua presença no V Encontro Mundial das Famílias, em Valência, Espanha, de 1 a 9 de Julho próximo. Aproveitando este momento da vida da diocese, no que se refere à pastoral familiar, pareceu-me oportuno extrair da riqueza das reflexões efectuadas e das acções empreendidas, algumas linhas de orientação para o futuro, o que pretendo fazer através da presente carta pastoral. Situação nova Elemento essencial de qualquer acção pastoral é que ela deve responder às situações concretas em que se realiza. Esta exigência assume particular relevo, quando se trata da família. A família tem sido um dos campos mais afectados pelas mudanças operadas na sociedade, nos domínios cultural, tecnológico, moral e religioso. Daí, a necessidade de uma reflexão actualizada, que, sem prejuízo do que já foi alcançado, permita um novo impulso pastoral que responda aos desafios do presente. Ao definir o quadro actual da família, o Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, de 22 de Novembro de 1981, que retomava as conclusões do Sínodo dos Bispos de 1980, deixou esta síntese que merece ser recordada: “Por um lado existe uma consciência mais viva da liberdade pessoal e uma maior atenção à qualidade das relações interpessoais no matrimónio, à promoção da dignidade da mulher, à procriação responsável, à educação dos filhos (…) Por outro lado, contudo, não faltam sinais de degradação preocupante de alguns valores fundamentais: uma errada concepção teórica e prática da independência dos cônjuges entre si: as graves ambiguidades acerca da relação de autoridade entre pais e filhos; as dificuldades concretas, que a família muitas vezes experimenta na transmissão dos valores; o número crescente de divórcios; a praga do aborto; o número cada vez mais frequente da esterilização; a instauração de uma verdadeira e própria mentalidade contraceptiva”. Este quadro traçado sobre a situação mundial da família, embora apresente acentuações e graus diversos nas diferentes regiões do mundo, não deixa, entretanto, de observar-se mesmo em lugares até há pouco isolados dos grandes meios, a demonstrar que, na verdade, o mundo se transformou numa aldeia global. A família vê-se confrontada neste momento com novos desafios: no campo das mentalidades e das culturas, do trabalho e da educação dos filhos, da descristianização e dos padrões morais. É esta realidade nova que obriga a uma revisão e actualização da pastoral familiar. Não podemos deixar de reconhecer que, nos últimos anos, surgiram iniciativas positivas em resposta aos novos problemas. Salientemos, entre outras, pelo seu especial significado: o incremento dos CPM (Centro de Preparação para o Matrimónio) e o crescente dinamismo dos movimentos familiares e dos grupos de casais. São experiências que se vêm consolidando e dando fruto, mas que representam as primeiras etapas dum processo que deve ir mais longe. Projecto inscrito na Criação Só se pode estabelecer uma pastoral familiar devidamente fundamentada, se partirmos do princípio de que existe um projecto de Deus para a família. Projecto inscrito na mensagem bíblica, e anunciado pela Igreja em todos os tempos. Segundo a fé cristã, a família não tem a sua origem na vontade humana. O Concílio Vaticano II afirmou: “O próprio Deus é o autor do matrimónio, dotado de diversos bens e fins, sendo todos eles de máxima importância para a continuidade do género humano, para o aperfeiçoamento pessoal e destino eterno de cada um dos membros da família e para a dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da mesma família e de toda a sociedade humana (GSp. 48) A família é, por conseguinte, um projecto de Deus Criador; faz parte integrante do plano criador. O livro dos Génesis assim exprime este desígnio divino. “Deus criou o homem à Sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhe: “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Gen. 1, 27-28). O matrimónio e a família devem pois ser vistos como saídos do Coração de Deus. O amor conjugal entre o homem e a mulher são a manifestação do amor entre Deus e a humanidade. A sexualidade humana não é um dado puramente biológico, mas integra-se na pessoa humana, e nesta integração encontra o seu sentido mais profundo e a sua total verdade. No matrimónio, o homem e a mulher, tornam-se “uma só carne” numa autêntica comunhão de pessoas, e abrem-se à transmissão da vida, colaborando com Deus na obra da criação. É assim que os filhos devem ser vistos “como reflexo vivo do Seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe” (João Paulo II). Jesus Cristo, que veio ao mundo, como reflexo límpido do amor infinito e misericordioso de Deus Pai pelos homens e culminou a sua missão salvífica no sacrifício da cruz, restituiu à família a sua verdade e dignidade originais (Cf. Mt.19,5) que o pecado desfigurara no decurso dos tempos e das civilizações. E foi mais longe: inseriu o matrimónio na ordem nova da graça. O matrimónio é um sacramento, ou seja, um sinal, um símbolo da nova e eterna aliança entre Cristo e a humanidade resgatada. O homem e a mulher cristãos recebem do Espírito Santo pelo sacramento do matrimónio, a força e a graça de se amarem um ao outro como Cristo amou e se entregou à Sua Igreja. Assim se compreende que o Concílio Vaticano II, retomando uma imagem utilizada já nos primeiros séculos do cristianismo, tenha chamado à família a ‘Igreja doméstica’ (cf. LG 11; AA 11). É este projecto criador de Deus, a que Jesus Cristo veio dar nova dimensão, que a Igreja é chamada a anunciar e a dar realização no nosso tempo, apesar das enormes dificuldades que contra ele se levantam. Sector indispensável da pastoral Faz parte da missão da Igreja contribuir, através duma acção empenhada e organizada, para que se realize, ao longo dos tempos, o projecto de Deus acerca da família. A esta acção se dá o nome de pastoral familiar. A pastoral familiar não é uma simples técnica, uma acção puramente humana; nela intervém, como agente principal, o Espírito Santo, que Cristo Ressuscitado enviou à Igreja para ser o seu Santificador e princípio dinâmico. Os membros da Igreja são seus colaboradores e instrumentos. Isto mais se evidencia, se atendermos ao carácter sacramental do matrimónio e da família. Toda a acção pastoral em prol da família, as suas estruturas, organização, acções formativas, têm por objectivo a formação e a consolidação de famílias cristãs, de modo que nelas se expresse o plano de Deus. É um trabalho que se deve inserir na pastoral normal das comunidades cristãs. Por vezes, poder-se-á pensar que ele diz respeito apenas a alguns grupos ou movimentos especializados. Se atendermos às múltiplas iniciativas que, por inspiração do Espírito, foram surgindo na Igreja, poderíamos assim pensar. Tais iniciativas foram, de facto, surgindo de forma, por vezes, espontânea, como é, aliás, prática normal da acção do Espírito que “sopra onde quer”. Não devem, porém, ser vistas como realidades isoladas, mas sim destinadas a infundir nova vida no próprio organismo da Igreja. Importa, por isso, que tais iniciativas e instituições sejam introduzidas na vida das comunidades e se articulem com elas. Deste modo, no respeito pelo princípio da comunhão na diversidade, que deve orientar qualquer comunidade eclesial, a pastoral familiar tornar-se-á mais eficaz. Entre os agentes desta pastoral merecem particular destaque os casais e os sacerdotes. Ambos são indispensáveis, na sua complementaridade e convergência. Referindo-se à missão das famílias, escreve o Papa João Paulo II: “Deve sobretudo reconhecer-se o lugar especial que, neste campo, compete à missão dos cônjuges e das famílias cristãs em virtude da graça recebida no sacramento” (cf. CT 71). Há, portanto, uma missão insubstituível a desenvolver pelos pais. É sua missão criar uma verdadeira “Igreja doméstica”. Os casais são ainda chamados, por força da sua fé, a participar quer na formação, quer no acompanhamento das famílias. Compete-lhes transmitir aos noivos, em termos de testemunho, o sentido concreto e espiritual da vida familiar, nas suas diversas dimensões, em toda a sua complexidade e riqueza. Numa linha convergente, o sacerdote incumbir-se-á de apresentar à luz da fé, o significado do amor humano e do sacramento do matrimónio e preparar a vivência da celebração litúrgica. Uma preparação cuidada Para a existência de famílias cristãs, devidamente esclarecidas à luz da fé, prontas a realizar a própria vocação no dia a dia, é obviamente necessário que se comece pelo período de preparação. Tem-se verificado, nos últimos anos, um louvável esforço no que respeita à preparação próxima. Uma tarefa que tem sido desempenhada pelos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM), com assinaláveis resultados. Mas, enquanto todos nos congratulamos com os frutos já alcançados, tomamos, igualmente consciência de que é necessário ampliar o tempo de preparação; é necessário organizar uma preparação remota. Esta preparação remota há-de ser encarada no âmbito duma sólida educação da fé dos jovens e deve incluir educação concreta do amor e da sexualidade. A educação para o amor e para a sexualidade reveste-se da maior urgência no nosso mundo hedonista, devendo ser realizada à luz duma segura antropologia cristã, não se podendo nunca confundir com certas concepções materialistas em voga que desvirtuam o verdadeiro conceito da sexualidade e do amor humano, e, longe de formar personalidades abertas à verdade e ao bem, as encaminham para práticas e situações que acabarão por criar frustrações existenciais. Nunca poderão proporcionar a criação de famílias como verdadeiras comunidades de amor e de vida. Uma Celebração da Fé A preparação, remota e próxima, para o matrimónio, há-de conduzir a uma celebração do sacramento que seja uma autêntica celebração da fé. Sabemos como a mentalidade secularista actual conduz facilmente a que se tome a celebração do casamento cristão como um simples acto de cariz social e familiar, onde a festa civil se sobrepõe ao seu carácter religioso. Para obviar a esta mentalidade, importa que os próprios noivos se empenhem na preparação do matrimónio com uma atitude de fé: preparação espiritual, escolha das leituras, estudo e interiorização da liturgia. O acto litúrgico deve revestir-se de dignidade, sobriedade e tom festivo, sem exibicionismos mundanos, o que se há-de traduzir nas atitudes dos participantes, na música e na decoração da igreja. Também se há-de prestar atenção ao lugar da celebração, o qual será, como regra, segundo o espírito das leis eclesiais, a igreja paroquial, quer pelo seu significado, quer por favorecer uma participação mais intensa da comunidade. A celebração em outro templo é, por vezes, legítima e justificável, devendo para isso obter-se a respectiva licença da autoridade eclesiástica. Neste caso, evitar-se-á ceder à pressão da sociedade consumista, que procura explorar a circunstância do lugar da celebração religiosa para atrair os participantes para a festa civil, esvaziando-se, assim, pouco a pouco, o carácter sagrado do acontecimento. Igreja Doméstica A celebração do sacramento do matrimónio não é um termo, mas o início duma realidade nova: a família cristã. Esta nova família, constituída pelo acto sacramental, é uma célula da Igreja e da sociedade. Tem uma grande missão a cumprir. Ela é, antes de mais, numa perspectiva cristã, o reflexo, manifestado na comunhão íntima entre o marido e a mulher, da profunda união de Cristo com a Igreja e a humanidade. A família é ainda o berço das novas gerações de homens e mulheres, no qual estas nascem e desenvolvem a sua personalidade humana e cristã. No interior do lar cristão vive-se o mistério da “Igreja doméstica”, ou seja, o mistério do amor mútuo, que tem em Deus a fonte e o modelo. É neste sentido que a pastoral familiar possui o seu quadro fundamental de referência no interior da própria família, e os primeiros agentes são os seus próprios membros. Como “Igreja doméstica”, a família é chamada a ser casa de oração, de transmissão da fé, da leitura da Palavra de Deus, e da vivência dos sacramentos, escola de esperança e de amor. Nela os filhos aprendem a conhecer e a amar a Jesus, a Deus Pai e a Deus Espírito Santo; a conhecer e a amar a Virgem Maria, Mãe de Cristo e nossa mãe; e amar a todos os homens como irmãos, sem distinção de raça, cor ou situação social. Para que a família cristã possa realizar a própria vocação, é necessário inseri-la devidamente na paróquia a pertence. A paróquia, como escreve o Papa João Paulo II é “a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e filhas” (“Christifidelis Laici nº 26. Mais do que uma comunidade dos cristãos individualmente considerados, a paróquia deve ser vista como a comunidade das famílias cristãs. No interior da comunidade paroquial, as crianças e os jovens aprendem a abrir-se a todo o povo de Deus, fazem a experiência, em companhia dos pais, da celebração eucarística dominical. Esta relação estreita entre a família e a paróquia sugere que em cada paróquia se constitua um casal ou um grupo de casais responsável por promover, em colaboração com o pároco, uma sólida pastoral familiar. Com tal estrutura a paróquia pode mais facilmente dar apoio às famílias em necessidade, seja ele de natureza económica, psicológica ou moral. Outra área importante da pastoral familiar reside nos movimentos e nos grupos de casais. Eles são já uma consoladora realidade no interior da comunidade eclesial nos nossos dias e conhecem uma significativa expressão na nossa diocese. Tais movimentos representam uma grande riqueza espiritual e pastoral; são eficazes escolas de formação e permitem uma inter-ajuda e diálogo frutuoso entre as próprias famílias. A plena eficácia destes movimentos alcança-se quando eles articulam devidamente a sua acção com a paróquia e a diocese. Situações difíceis Na pastoral familiar merece lugar relevante o apoio às famílias em situação difícil, no plano económico, social e moral. Felizmente existem já instituições e movimentos que realizam neste âmbito uma notável acção, quantas vezes de forma discreta, mas nem por isso menos significativa. Seja-me permitido sublinhar, a este respeito, o trabalho desenvolvido pela Cáritas Diocesana em múltiplos domínios. Atendendo às novas situações criadas, algumas delas de grande complexidade, às quais nem sempre a sociedade e o Estado correspondem com a eficácia necessária, impõe-se à comunidade cristã testemunhar o amor cristão pelas famílias em situação de carência. Um meio especial de apoio a casais que passam por dificuldades, nomeadamente morais, que podem inclusive pôr em risco a sua própria estabilidade, reside nos consultórios familiares. É desejável que se concretizem projectos já em curso ou em perspectiva da criação destes consultórios que, sem dúvida, levarão a paz e a tranquilidade a muitas famílias. Tratando dos casos familiares difíceis e das situações irregulares, a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio” dedica-lhes uma atenção especial nos nn.77-85. São, entre muitos outros, os casais dos emigrantes, dos presos, das famílias com filhos deficientes ou drogados, ou sem casa, dos idosos que vivem na solidão. A solicitude da Igreja deve estender-se a todos estes casos, e ainda aos lares que se encontram em situações irregulares, os quais se vão difundindo um pouco por toda a parte, como consequência, em larga medida, das novas mentalidades e circunstâncias sociais. Referimo-nos às uniões de facto, aos matrimónios à experiência, aos católicos casados pelo civil, aos divorciados e recasados pelo civil e outros. O documento pontifício estabelece normas e orientações, reveladoras da bondade e humanidade da Igreja, e, ao mesmo tempo, do seu respeito pela verdade do matrimónio, as quais devem merecer o acolhimento de todos. Caminho de santificação O projecto cristão da família é um projecto de santidade. As famílias cristãs são chamadas a crescer no amor de Deus e no amor entre os seus membros e a manifestar este amor a todos os que necessitam da sua ajuda: nisto consiste a santidade. Para este projecto se deve orientar a pastoral familiar. Por este caminho de santificação, as famílias realizam o seu ideal de “Igreja doméstica”. Como “Igreja doméstica”, o lar cristão procura acolher no seu interior Jesus Cristo e sua Mãe, a Virgem Maria, como aconteceu em Caná da Galileia (cf Jo.2, 1-11). Isto consegue-se, se, decididamente, a Eucaristia for colocada no centro da vida do lar. Neste sentido, podemos dizer que o momento alto da comunidade familiar reside na Eucaristia dominical, onde, em comunhão de amor, pais e filhos louvam a Deus Pai e se alimentam da sua Palavra e do Corpo e Sangue de Jesus Cristo. A família cristã é um santuário de oração, onde as alegrias e os sofrimentos, os projectos e os fracassos são vividos em comunhão com Deus na acção de graças, na esperança e na comunhão. Como expressão do amor à Virgem Maria, merece atenção particular a recitação do terço em família. Um tal clima de fé, uma tal atmosfera espiritual que envolve a família, constituída junto do altar de Deus, acaba por iluminar os diversos aspectos da sua existência: o trabalho, o lazer, a doença,os êxitos e os fracassos, infundindo-lhe paz e levando-a a ser no mundo um testemunho forte de felicidade. Para este aspecto da santificação das famílias há-de estar orientada toda a actividade pastoral familiar. Os seus agentes encontrarão sempre na acção do Espírito Santo a luz e a força para o desempenho da sua nobre e fundamental missão Conclusão Dois acontecimentos cheios de significado assinalam o termo do projecto diocesano trienal sobre a pastoral familiar. O primeiro diz respeito à peregrinação diocesana das famílias a Fátima, ocorrida no dia 1 de Maio. Milhares de peregrinos foram agradecer a Nossa Senhora as graças concedidas ao longo destes três anos e fazer-lhe a sua consagração, implorando, ao mesmo tempo, um novo impulso evangelizador neste campo. O segundo acontecimento é o encontro das famílias na vigília do Pentecostes, isto é da Festa do Espírito Santo, no dia 3 de Junho, marcado para o auditório da igreja da Sagrada Família, em Évora. Com estes gestos, pretende-se colocar nas mãos de Maria as grandes linhas futuras de orientação pastoral familiar e implorar os dons do Espírito Santo para serem postas em prática com eficácia apostólica. + Maurílio de Gouveia, Arcebispo de Évora

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