África fechada à chave?

O «Ponto de Acolhimento para Refugiados e Imigrantes» em Dacar, no Senegal, foi uma iniciativa dos irmãos de Taizé que começou há cerca de 12 anos, em colaboração com paróquias e comunidades religiosas da cidade. «No passado mês de Outubro, ocorreram acontecimentos dramáticos em Ceuta e Melilla. Desde então, os fluxos migratórios daqueles que seriam emigrantes da África Sub-Sahariana mudaram rapidamente. As pessoas já não vão para norte através do deserto, numa rota que fazia dos centros urbanos de Tamanrasset (Argélia) e de Agadès (Niger) bases de partida muito vivas. Nos últimos anos, foi explorada outra rota, através do Sahara Ocidental. Depois da confusão entre as dunas e a costa, as pessoas esperavam encontrar calma nas ondas do oceano e depois, com um pouco de sorte, em dois dias poderiam chegar às ilhas Canárias… portanto a Espanha, o que significa entrar na Europa! (…) O Ponto de Acolhimento para Refugiados e Imigrantes, sob a responsabilidade da Caritas de Dacar, nunca tinha tido que acolher pessoas do Senegal. Mas agora há uma nova categoria de pessoas que pedem ajuda: aqueles que foram deportados ou forçados a recuar. Expulsos de Marrocos ou da Mauritânia, terminam em Dacar completamente perdidos. Para poderem viajar para a Europa, tinham tido que pedir um empréstimo ou então tinham sido financiados pela própria família ou pelo povo da sua aldeia; partiram levando consigo as esperanças de todo um grupo. Agora falharam, perderam tudo e morrem de vergonha. Não podem regressar à sua aldeia, onde teriam que enfrentar os credores: como poderiam reembolsá-los? Não conseguiriam fazer face ao olhar dos outros perante o seu fracasso. Por isso ficam por cá, refugiados no seu próprio país, sem recursos nem família. E com os corações cheios de um desejo insaciável de se vingarem do destino. Farão tudo para voltar a tentar ultrapassar as barreiras, que são cada vez mais elevadas».

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