Família no Orçamento 2007

O orçamento 2007 é fortemente restritivo, o que é compreensível. Como todos sabemos, ninguém pode (ou deve) gastar mais do que ganha, e há muito tempo que o país gasta acima das suas possibilidades. Como tem sido anunciado pela comunicação social, estas restrições atingem quase todos os ministérios, designadamente o da Saúde, que terá que, nomeadamente, aumentar as “taxas moderadoras” para conseguir um equilíbrio financeiro. Mas, ao mesmo tempo, está fortemente empenhado em gastar mais 20 milhões de euros no financiamento do “aborto a pedido”, enganosamente embrulhado em “despenalização da interrupção voluntária da gravidez”. Como também não é compreensível que, em altura de justificadíssima austeridade, em que se pede (e se impõe) sacrifícios às famílias portuguesas, se continue em insistir em obras faraónicas como o TGV e o aeroporto da OTA! Como é que, numa família, se compreenderia a necessidade de se apertar o cinto ao mesmo tempo que o pai adquire um carro novo topo de gama? Não seria muito mais barato e útil, contribuindo-se de forma mais eficaz para o tão propagandeado aumento da produtividade, investir-se seriamente nos transportes urbanos e suburbanos, onde milhões de horas são consumidas diariamente pelos portugueses? Quem é que vai usar o TGV, mais lento e com bilhetes mais caros que o avião? Não sabemos quem vai usar, mas sabemos quem vai pagar: todos os que não o vão usar… Com este orçamento, finalmente acabou-se a discriminação fiscal dos casados relativamente aos solteiros! Finalmente, os portugueses deixam de pagar mais imposto por se casarem! No entanto, mantém-se a fortíssima discriminação relativamente aos divorciados, que podem deduzir até 6.500 Eur por filho. Ora, uma vez que, infelizmente, o número de divórcios já é metade do número de casamentos, surge a natural pergunta: porque não permitir-se uma dedução de 3.250 Eur por filho independentemente do estado civil? Não seria uma medida justíssima, sem qualquer impacto no Orçamento do Estado? O ano de 2007 não vai ser mesmo nada famoso para as famílias portuguesas. Para além das medidas restritivas deste Orçamento, temos a continuação do aumento das taxas de juro, fazendo disparar as prestações da casa e, ainda, o anunciado aumento dos bens de primeira necessidade, como é o caso da electricidade! Enfim, não vai ser fácil! Vai ser altura de apertar o cinto, mas também será uma excelente oportunidade para darmos mais valor aquilo que “não tem preço”: o tempo, atenção e amor que podemos e devemos dedicar ao mais próximo, a começar por quantos fazem parte da nossa família! Fernando Castro, APFN

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