Experiências de missão em tempo de férias

Os campos de férias são trabalhos missionários em que diversos movimentos juvenis apostam, agora em tempo de descanso escolar e de trabalho. É uma forma de trabalhar em igreja, habitualmente circunscrito às paróquias, mas que ganha grande dimensão em tempo de Verão. Susana Canhoto, da Juventude Hospitaleira, explicou ao programa Ecclesia como surgiu a necessidade de no movimento a que pertence “não perder o rasto destes jovens durante todo o ano. A Juventude Hospitaleira que teve o seu início em 1988, e conta com jovens entre os 13 e os 30. Apostamos numa forma de sensibilizar a juventude para uma solidariedade comprometida e estamos ligados aos irmãos e irmãs que trabalham com doentes e deficientes mentais.” Estes jovens disponibilizam-se durante 10 dias no Verão, para partir e ir ao encontro de uma comunidade que lhes é estranha, mas que os acolhe para o trabalho missionário, especificamente com doente mentais, mas não só. Os Jovens sem Fronteiras, outro movimento que aposta nos campos de férias, são um ramo mais novo da congregação dos missionários do Espirito Santo. Marta Vilas Boas explica que “é um movimento que conta com 23 anos de história e tem por objectivo viver o ideal missionário e aprofundar a solidariedade e fraternidade universal”. Trabalham em Portugal mas também além fronteiras com acções de voluntariado. Nos campos de férias trabalham com idosos e com crianças desfavorecidas em diversas iniciativas. Nestas semanas missionárias privilegia-se a crescimento em grupo, a partilha e a vivência espiritual. O campo de trabalho é vasto. Doentes, idosos, crianças desfavorecidas, o importante é ter disponibilidade para estar, para ouvir, para animar. Os Jovens sem Fronteiras optam por se “articular com o pároco da comunidade que nos acolhe e com as actividades que já existem. Pode ser para trabalhar com idosos nos Centros de Dia, com as crianças, pensar em actividades lúdicas. Queremos também, através desta disponibilidade passar algum ideal cristão aos jovens” afirma Marta Vilas Boas. O Padre Tony Neves, missionário Espiritano afirma que esta é uma forma de evangelização junto de pessoas que não se conhecem, de testemunhar uma vivência comprometida em Igreja numa comunidade que é estranha. “A igreja durante o ano é muito celebrativa, em torno da paróquia. Estas dimensões no Verão são menos visíveis. Sair do meio, testemunhar a fé em outros sítios, significa mostrar o empenho social da Igreja.” E quem passa por estas experiências facilmente volta para repetir. O crescimento em grupo, a partilha e a vivência espiritual que se tem são momentos muito fortes. Parte-se com a ideia de dar, mas como afirma o Padre Tony Neves, “recebe-se mais do que se dá. Quem participa nestas experiências é quem ganha. O Vaticano II potenciou este empenho laical. É um sinal importante num mundo fracturado, mostrar que os leigos se empenham e partem para um trabalho que antigamente era apenas atribuído aos missionários. É um testemunho e um compromisso que se pode até transformar numa missão para a vida.” Este dinamismo eclesial está espalhado um pouco por todo o país: Bragança, Alentejo, Algarve, são locais de encontro entre pessoas que partem para dar e que voltam cheias do muito que receberam.

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