Évora: D. Senra Coelho convida a «entregar junto à Cruz» as dores da Humanidade

Arcebispo de Évora lembrou as guerras, os «massacres humanos», as «populações indefesas» e «vítimas da desumanidade»

Foto: Arquidiocese de Évora

Évora, 07 abr 2023 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora convidou hoje os cristãos a entregarem “junto à cruz” as “grandes cruzes da Humanidade”, recordando “a dor” das guerras, os “massacres humanos perpetrados por cristãos”, mas sublinhando a “esperança” na vida “chorada e sofrida”.

“Convido-vos a transfigurar as grandes cruzes da Humanidade e a encontrarmo-nos com Cristo em cada uma delas. Como não recordar nesta Sexta-Feira Santa a dor provocada por todas as guerras, autênticas feridas abertas no tecido da Humanidade? Como não lamentar e não reparar o coração do Bom Deus, Criador e Pai de todos os humanos por massacres hediondos e tristemente perpetrados por cristãos contra Cristo, nos próprios irmãos, incluindo menores e crianças? Como não chorar com crianças e mães, com idosos e populações indefesas fugindo da morte, sem saber para onde nem porquê?”, questionou D. Francisco Senra Coelho na homilia da celebração de Sexta-feira Santa, em que os cristãos fazem a adoração da cruz.

“Unimo-nos aos desterrados, aos refugiados, aos sós no meio de muita gente, aos doentes, aos abandonados à indiferença, às famílias de luto, a todas as vítimas de desumanidades e encontremo-nos aí com os gólgotas do século XXI, abraçando Cristo em cada ser humano despojado da sua dignidade, também naqueles que sofrem, vítimas da violência sexual e familiar”, acrescentou.

Mas o arcebispo de Évora quis sublinhar que apesar da vida “chorada e sofrida”, a esperança continua a ter lugar.

“Mas, atenção, ninguém conseguiu deter a história na tarde de Sexta-Feira Santa, pois a força da Ressurreição vence sempre. De facto, o lugar da esperança, apesar de tudo, ainda é a nossa vida chorada e sofrida”, indicou.

O responsável lamentou que “tantas vezes” a humanidade se afirma “abandonada por Deus” mas que indicou a permanência de “Deus junto de quem sofre”.

“Deus nem sempre afasta o sofrimento. Mas nunca deixa de estar ao lado dos sofredores. Em Si, Ele sofre connosco. Acompanhemos, então, Jesus na Sua dor. Ele nunca nos faltará com o Seu amor”, advertiu.

“De pé junto à Cruz, permaneçamos juntos, de modo comprometido e pró-ativo, unidos às grandes dores e vazios da humanidade em nossos dias, vivendo, no dizer do Papa Francisco, uma guerra aos pedaços, sendo porém a maior guerra a do vazio e dos valores, numa viagem cujo destino parece ser a ganância e a vitória dos mais fortes, astutos e maquiavélicos. Estamos, porém, convictos que o grão de trigo lançado à terra germinará e florescerá maduro e fluorescente em plena seara que nos ofertarão trigo novo transformado em grão para a Nova Humanidade”, finalizou.

LS

 

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