Évora: Arcebispo destaca D. Maurílio de Gouveia como um homem que fica «no coração do Alentejo» (c/vídeo)

Arcebispo emérito faleceu aos 86 anos

Agência Ecclesia/MC

Lisboa, 19 mar 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora lamentou a morte de D. Maurílio de Gouveia, falecido hoje na Madeira, considerando que o prelado que liderou os destinos da arquidiocese, entre 1981 e 2008, é um homem que fica “no coração do Alentejo”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Francisco Senra Coelho recorda D. Maurílio de Gouveia como uma figura de “grande humanidade”, que ao longo do seu pontificado “abraçou os alentejanos” em todas as dimensões, na “proximidade com quem sofre e na festa com quem compartilhava a alegria da vida”.

O arcebispo eborense faz ainda votos de “que para sempre D. Maurílio de Gouveia tenha a paz de Deus, porque deu essa paz às suas comunidades, ensinou-as a encontrar essa paz”.

“Nos últimos momentos da vida dele, que eu compartilhei duas vezes, em duas visitas ao Funchal, impressionou-me essa paz, essa serenidade, um homem de oração, de um grande amor à Eucaristia, um homem mariano, que viveu a cruz da sua doença prolongada com a grandeza de um cristão com letra grande”, destaca D. Francisco Senra Coelho.

D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, arcebispo emérito de Évora, faleceu hoje aos 86 anos no Funchal, a sua terra natal, onde passou o último período da sua vida.

O atual arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, que era ainda seminarista quando D. Maurílio de Gouveia chegou ao Alentejo, tendo sido ordenado sacerdote por ele, salienta um pastor da Igreja que era visto como alguém que iria “concretizar o Concílio Vaticano II” no território e “não logrou essa esperança”.

Em primeiro lugar através da implementação de “uma Igreja presente no mundo, que comunga as suas dores, as suas esperanças”, como apontava a constituição conciliar ‘Gaudim et Spes.

D. Francisco Senra Coelho recorda que, na década de 80 do século passado, Portugal e o Alentejo passavam ainda pela transformação da revolução do 25 de abril de 1974, da busca pela liberdade, da implementação da democracia.

Entre as populações alentejanas fervilhava a incerteza e D. Maurílio de Gouveia procurou ir ao encontro deste contexto, através da “proximidade” pastoral, de “uma grande ação missionária” que teve como ponto mais visível as “visitas pastorais”.

Ao longo de nove anos, D. Maurílio de Gouveia “percorreu as nove vigararias” da Arquidiocese de Évora, ações que implicavam semanas porta-a-porta e de anúncio kerigmático, assembleias familiares, e a presença da imagem de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Évora.

“Ele depois voltou a fazer uma série de visitas pastorais com este dinamismo já mais virado para o interior das comunidades. E quase que ia terminando a terceira volta à diocese, quando em 2008 entregou a diocese ao atual arcebispo emérito D. José Alves, que continuou e aprofundou e deu de facto, um realce muito grande a esta dinâmica que herdou de D. Maurílio”, salienta D. Francisco Senra Coelho.

O arcebispo de Évora relevou a “ação muito importante que D. Maurílio de Gouveia desempenhou na pastoral socio-caritativa, através do relançamento da Cáritas diocesana e de uma Comissão Justiça e Paz que foi muito ativa e que leu os sinais dos tempos com a participação da Igreja na dimensão profética”.

“D. Maurílio de Gouveia foi para nós um pai, um irmão, alguém que nós guardamos no coração com profunda gratidão, com uma memória de grande respeito”, concluiu D. Francisco Senra Coelho.

JCP

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