Europeias 2024: EAPN Portugal pede que «combate à pobreza seja uma prioridade» na campanha eleitoral

Rede Europeia Anti-Pobreza escreveu apelo com prioridades e mensagens, tendo em vista eleições para o Parlamento Europeu

Foto: Lusa/EPA

Porto, 06 jun 2024 (Ecclesia) – A EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza publicou um apelo aos candidatos nacionais ao Parlamento Europeu, no âmbito das europeias 2024 do dia 9 de junho, para que o “combate à pobreza assuma um papel central nas suas propostas”.

“Existem mais de 95 milhões de pessoas em situação de pobreza e/ou exclusão social na União Europeia. É, por isso, imperativo, para a EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, que o combate à pobreza seja uma prioridade”, defendeu a ONG, num documento enviado hoje à Agência ECCLESIA.

O texto refere que “a pobreza é transversal a todos os países e necessita de uma orientação muito precisa e concertada”, sublinhando que “esta é claramente uma preocupação dos cidadãos”.

A organização alerta para o número de 95.3 milhões de pessoas em pobreza e exclusão social na Europa, salientando que o número “poder ser bem superior, pois os desafios dos últimos anos têm fragilizado a vida das pessoas”.

Com raízes europeias, a ONGD pede que os candidatos nacionais ao Parlamento europeu tenham também, nas suas propostas, “o reforço do modelo social europeu”.

Ou seja, “proteger os direitos das pessoas através de políticas sociais mais fortes que promovam o seu bem-estar e a coesão social. Reforçar o modelo social europeu implica reforçar as políticas sociais ao nível nacional”, indica o presidente da EAPN Portugal, Agostinho Jardim Moreira.

O responsável fala que “é importante relembrar que os desafios enfrentados nos últimos anos trouxeram impactos adicionais às vulnerabilidades já existentes” e que importa também recordar que “a pobreza tem causas estruturais e as crises agravam as mesmas, debilitando, por um lado, aqueles que já viviam numa situação frágil e, trazendo, por outro lado, novos rostos e famílias para situações de pobreza”.

“Em Portugal, celebra-se este ano os 50 anos de democracia, uma democracia que continua a promover desigualdade e narrativas que promovem a discórdia em vez da união. As pessoas mais vulneráveis continuam mais vulneráveis”, lamenta a EAPN Portugal.

No documento, a organização considera que todos têm de ter “a coragem de dizer basta e investir em modelos alternativos que possam de uma vez por todas garantir a equidade e romper com os ciclos de pobreza”.

Assim, a organização apela a que nestas eleições europeias se combata “as causas da pobreza” e se “reduza as desigualdades”, se eleve “a voz da sociedade civil e das pessoas em situação vulnerável”, que seja criada “uma economia ao serviço das pessoas”, seja reforçada a “democracia e a confiança política” e se defenda “um pacto europeu pela erradicação da pobreza”.

“É imperativo que exista um amplo consenso social e político, por toda a União Europeia, sobre a visão que queremos para o futuro”, reforça Rede Europeia Anti-Pobreza, que defende que “agora é o momento de implementar mudanças estruturais a longo prazo e de colocar as pessoas nos centros das políticas”.

Tendo em vistas as eleições europeias 2024, a organização promoveu a 17 de maio um almoço-debate com os candidatos nacionais ao Parlamento Europeu com o objetivo “de refletir sobre as causas estruturais da pobreza, dar a conhecer a sua posição e preocupações em matéria de luta contra a pobreza, conhecer as propostas dos candidatos nesta matéria e promover o diálogo com outros representantes da sociedade civil de áreas sociais e centrais também ao combate à pobreza”.

A EAPN foi fundada em 1990, em Bruxelas, na Bélgica, e é a maior rede europeia de redes nacionais, regionais e locais de ONG, bem como de organizações europeias ativas na luta contra a pobreza.

Atualmente, está representada em 31 países, nomeadamente em Portugal.

A EAPN Portugal foi criada a 17 de dezembro de 1991 e centra “o seu trabalho de combate à pobreza e exclusão social através de ações nas áreas da participação, investigação, projetos, sensibilização, formação, capacitação e influência política”.

Sediada no Porto, a ação da organização estende-se a todo o país através de 18 núcleos distritais e um regional, na Madeira.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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