Europa necessita de uma alma

O Arcebispo de Braga disse no Santuário de S. Bento da Porta Aberta, em Rio Caldo, que a Europa dos nossos dias, apesar de ter tudo, falta-lhe o essencial que é a alma. Segundo D. Jorge Ortiga, que presidiu à Eucaristia da tradicional romaria em honra de S. Bento, «a Europa de hoje necessita de uma alma» e quem lha poderá dar «somos todos nós, a Igreja, apontando caminhos de igualdade, fraternidade, de amor e de justiça, para que possamos viver num convívio fraterno». Na sua homilia, o prelado considerou que, nos novos tempos que vivemos, é preciso mostrar ao mundo que o cristianismo é a solução dos problemas e a única alternativa capaz de dar resposta às inquietações. Por outro lado, lembrando que o novo Papa adoptou o nome do padroeiro da Europa, o Arcebispo Primaz sustentou que o Sumo Pontífice fez esta escolha, não apenas pela sua devoção, mas também «porque quis encontrar na pessoa de S. Bento o modelo, procurando imitá-lo e procurando concretizar hoje, neste tempo novo, aquilo que S. Bento concretizou quando viveu nesta terra». «Nós deveríamos sentir também esta necessidade interior de fixar o nosso olhar em S. Bento e tentar realizar aquilo que ele realizou na sua época. Os tempos são diferentes, mas as necessidades são as mesmas », salientou. Segundo referiu, o padroeiro da Europa viveu numa época de crise e deu uma resposta a essa mesma crise, vivendo e fazendo com que outros vivessem uma Regra alicerçada no Evangelho. «É isto que Papa Bento XVI quis também escolher como programa para a sua vida na certeza que este milénio é novo em tudo», disse, acrescentando ainda que todos nós deveríamos colaborar com o Sumo Pontífice para a nova forma de ser homem segundo Jesus Cristo. «Acredito nos jovens» Na sua homilia, D. Jorge Ortiga pediu ainda uma grande atenção à juventude. «Não sou daqueles que duvidam dos jovens. Sei que eles são capazes de maravilhas e também sei que muitos andam perdidos. Mas nós hoje teremos de acreditar cada vez mais na juventude e depositar confiança nela», salientou. Para o prelado é preciso dar outras oportunidades aos jovens e mostrar- lhes novos modelos e novas propostas, por forma a que eles sejam capazes de construir um mundo novo e diferente. «É preciso que chamemos e motivemos a juventude e, para isso, não podemos apegar-nos somente às nossas ideias e costumes. Temos a nossa sabedoria e conhecimento. Não vamos seguir exclusivamente o modelo dos nosso jovens. Vamos acreditar neles, dar-lhes espaço e permitir que eles se expressem e, assim, vamos construir um mundo diferente», salientou. D. Jorge Ortiga apelou mesmo a que seja dado mais espaço aos jovens nas comunidades paroquiais e que os santuários ofereçam uma outra atenção à juventude, «para que tenhamos a certeza que podemos ter futuro». Por fim, o Arcebispo também abordou na sua homilia o drama dos incêndios florestais, considerando que ninguém pode ficar indiferente a esta flagelo e pensar que isto é um problema dos outros. Na sua convicção, todos temos de reagir e não podemos tolerar que as televisões «façam propaganda ». «Talvez seja por isso que os incendiários se multiplicam e ganham gosto e um certo prazer», disse. Para D. Jorge Ortiga, é urgente criar uma outra mentalidade para poder conservar a beleza da natureza. Defendendo que esta deveria ser uma causa nacional, sem interesses políticos, o prelado disse que seria importante o empenho de todos para que a nossa paisagem fosse respeitada.

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