Europa: Diálogo inter-religioso tem de «passar das lideranças para os cidadãos»

Paulo Mendes Pinto, embaixador do Parlamento Mundial das Religiões, diz que há uma «apatia» social a ultrapassar

Lisboa, 20 jan 2015 (Ecclesia) – O embaixador do Parlamento Mundial das Religiões considera que os atentados de Paris tornaram urgente “repensar o lugar” da religião na sociedade e, mais do que às lideranças, importa levar o debate às pessoas.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Paulo Mendes Pinto salienta que o maior desafio desta equação não é o “confronto” entre credos e valores mas sim “a apatia face ao fenómeno religioso que a maioria dos cidadãos tem”.

“Nós temos uma população, não só em Portugal mas em toda a Europa, que tem um fraquíssimo conhecimento sobre esta matéria e até sobre a religião em que está integrada”, salienta aquele responsável, membro de uma organização não-governamental dedicada ao diálogo inter-religioso e ecuménico.

Para Paulo Mendes Pinto, é fundamental uma “mudança de mentalidade” que favoreça um debate alargado e sobretudo o conhecimento do que está atualmente em causa.

Na sequência do ataque à redação do jornal “Charlie Hebdo”, foram vários os “lideres religiosos” que “reponderam prontamente condenando” o sucedido.

O embaixador do Parlamento Mundial das Religiões sublinha a importância destes líderes terem “posições cada vez mais ativas, mais frontais”, com “uma carga não só simbólica como didática”.

No entanto, “é mais importante passar de um horizonte das lideranças religiosas para os crentes, para os cidadãos”, para que eles tenham também “uma atitude crítica” a respeito de tudo o que se tem passado.

Porque só quando a reação se fizer também ao nível das pessoas, das comunidades, é que será possível começar a erradicar fundamentalismos e radicalismos, a rejeitar a violência aliada à fé, a salvaguardar o direito de cada um à liberdade.

Como é que isso se faz? Paulo Mendes Pinto defende que com o envolvimento dos “meios académicos, dos meios religiosos, ou na confluência de ambos”, é possível promover no espaço cívico um diálogo mais sério, porque mais informado, acerca do fenómeno religioso e das suas implicações.

É isso que pretende por exemplo o recém-criado “Observatório para a Liberdade Religiosa”, nascido da reflexão de um grupo de investigadores no Departamento de Ciências das Religiões da Universidade Lusófona, em Lisboa, e que conta também com o apoio do Parlamento Mundial das Religiões.

“Chama-se observatório para estarmos atentos e podermos servir de amplificadores e coletores de materiais para que toda a gente possa refletir sobre os atropelos à liberdade religiosa que se forem fazendo”, explica o embaixador.

PR/JCP

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