Especial: Jovens são «base» da nova comunidade cristã na Diocese de Coimbra (c/fotos)

Anabela, André, Diogo e Francisco são quatro nomes entre muitos leigos que assumiram sonho da Reitoria do Imaculado Coração de Maria

Coimbra, 12 set 2020 (Ecclesia) – Uma nova comunidade católica vai nascer este domingo na Diocese de Coimbra, com a ajuda de jovens que se mobilizaram e se apresentam à Agência ECCLESIA como “base” para a futura paróquia.

“Os jovens estão a ser a base para que a nova comunidade consiga emergir, vêem a nós jovens, como a solução de futuro desta comunidade, que já é sonhada desde o tempo do meu avô”, conta o responsável pelo grupo de jovens da nova Reitoria, Francisco Godinho. 

O jovem e o seu irmão gémeo, que um dia sonharam criar este “grupo de jovens depois do crisma”, o atual “Jovens do Mundo”, assumiram a ajuda nesta caminhada que culmina no momento em que o bispo diocesano, D. Virgílio Antunes, assinar o decreto de criação numa Eucaristia campal, a celebrar no terreno da “futura igreja do Loreto”, pelas 11h00 deste domingo.

“A grande expectativa é de conseguirmos cumprir todas as normas de saúde, sem percalços, que tudo corra bem e que a comunidade possa sentir, de facto, estes dias; queremos ser um futuro viável e seguro nesta comunidade e ajudar a construir a nova igreja”, assume o jovem.

O tempo de pandemia veio ensombrar esta fase em que os jovens se sentiram “mais limitados, mesmo nas suas atividades” mas quando a ajuda é necessária “estão para o que for preciso”.

“Temos estado cá para o que for preciso, mãos à obra desde as 7h da manhã, temos jovens ainda de férias escolares e outros que já a trabalhar tiraram férias para ajudar com a maior das boas vontades, são os jovens que agarraram e estão a organizar isto o que dá uma mensagem de esperança e futuro a toda a comunidade”, refere

Francisco Godinho lamenta a “falta de apoio da autarquia” e que fez com que os jovens tivessem de se empenhar em “trabalhos mais pesados, como a pintura e montagens de infraestruturas”. 

“Os jovens, muitos sem qualquer experiência, pusemos mãos à obra e desde pintura a montagens, cumprindo as regras de distanciamento e criando os corredores de segurança, estamos aqui de corpo e alma, se for preciso com poucas horas de sono e de manhã está aqui tudo novamente”, refere. 

Já André Vigário, de 15 anos, é um dos jovens que vai ser crismado no próximo domingo, o dia especial para esta nova Reitoria. 

“Para mim enquanto jovem é um orgulho ter sido aqui plantada uma semente, o meu avô andou há 40 anos a pedir dinheiro para a fundação de uma nova comunidade e agora eu fico contente porque somos nós o futuro e ajudaremos a desenvolver”, revela.

Em conversa com a Agência ECCLESIA, o jovem afirma que terá “um grande orgulho” em receber o sacramento da confirmação neste “espaço porque muitos lutaram”.

É como que uma herança… domingo vai ser um orgulho receber o sacramento do crisma, que era visto como distante, que ia ser lá na Sé e agora vai ser gratificante porque vai ser aqui, onde nasci e cresci”.

André Vigário, pertence ao grupo de jovens e ao grupo de acólitos e está também envolvido na preparação e organização destes dias. 

Também o curso Alpha se tem tornado uma “porta de entrada” das pessoas na fé e os membros estão empenhados neste “caminho de dar a conhecer e fazer comunidade”. 

“Sempre cresci na paróquia de Santa Cruz a ouvir falar do sonho da Igreja que estava a ser pensada e todo o ânimo das pessoas que estavam envolvidas, era uma necessidade sentida por aquele parente da comunidade e que todos acalentavam o sonho”, recorda Anabela Sá Marques, coordenadora do curso Alpha. 

A nova reitoria compreende as antigas capelanias anexas na zona norte da Paróquia de Santa Cruz de Coimbra (Loreto, Brinca e Monte Formoso), agora desvinculadas desta paróquia e constituídas em Quase-Paróquia.

A entrevistada afirmou que o grupo sentiu como “responsabilidade e compromisso” este caminho até à nova Reitoria e “querem ajudar a concretizar o sonho”.  

“Há algum tempo que nos fomos organizando e com a ajuda do padre Francisco, temos vivendo a vontade de um concretizar um sonho de outros mas que agora estamos para ajudar a concretizar, um sonho que Deus entendeu que pudesse acontecer agora, em tempo de pandemia, além disso mostra como a Igreja diocesana é aqui arrojada, cada vez menos fieis e igrejas vazias propomos aqui uma nova igreja, penso ser uma interpelação para os tempos que vivemos”, aponta Anabela Sá Marques.

Como responsável do curso Alpham propõe ainda que as pessoas possam ter uma “experiência de comunidade” através do grupo que “toca vários temas da Igreja e cada um, mediante a sua vocação se possa integrar”. 

Também o Agrupamento de Escuteiros 163 de Santa Cruz está empenhado nestes dias “especiais mas muito exigentes”. 

“Há muito tempo que andamos a trabalhar nisto, andamos a dormir pouco, muitas medidas a tirar e tivemos de criar condições ainda para mais em tempo de pandemia porque queremos o melhor para quem vem visitar, pela primeira vez, este espaço que vai ser o início da nova paróquia”, revela o escuteiro Diogo Marques. 

O futuro dirigente do CNE falou com a Agência ECCLESIA no meio dos trabalhos de logística que tem como responsabilidade, desde “cadeiras a chegar, redes a serem montadas, palco pronto, o retoque final”. 

O Agrupamento assumiu ajudar na organização de toda a logística, bem como no “controlo de entradas e desinfeção”.  

“Neste fim-de-semana o meu cansaço vai ser ultrapassado por ver estas pessoas que vão ficar contentes por ver este acontecimento, vai ser mesmo gratificante, entrarem com toda a serenidade no espaço do recinto e ali vamos ser comunidade, trabalharmos em prol dos outros, em conjunto”, destaca o jovem de 22 anos. 

Com a juventude a “assumir a linha da frente” da organização, Diogo Marques defende que só assim será possível o futuro desta comunidade. 

Precisamos que os jovens queiram estar presentes, queiram participar, e temos os mais velhos a dar indicações e orientar; assumimos o compromisso e se não formos nós daqui a uns anos não teremos ninguém!”.

Diogo Marques sente ainda que “cada um tem lugar na comunidade, seja escuteiro, grupo de jovens ou outro” e que só faz sentido o “caminho de futuro estando em união fraterna”, sendo que o dia de domingo pode ser “oportunidade de reforçar o espírito de comunidade”. 

Na Missa deste domingo, presidida pelo bispo de Coimbra, vão ser crismados 18 jovens e será lida a carta do Papa Francisco enviada à nova comunidade.

SN

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