Empresários e Gestores Cristãos falam em conjuntura «perigosa»

Ciclo de conferências «Portugal tem futuro» inaugurado com a presença de D. José Policarpo

O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), António Pinto Leite, considera que “os lideres empresariais não terão tido, nos últimos 30 ou 40 anos, uma situação mais complexa para enfrentar” do que a actual.

O empresário falava na abertura do ciclo de conferências da ACEGE para 2010/11, “Portugal tem futuro: a missão dos líderes empresariais cristãos”, que decorreu em Lisboa, neste dia 21 de Outubro,

A conjuntura económico-social, que “ainda antes de ser difícil, se revela perigosa nos dias que correm”, deve levar o gestor cristão a questionar-se “perante estas circunstâncias”.

“Sabemos, nas nossas organizações, quem precisa de nós: os mais fracos, os mais desprotegidos, aqueles que ficarão em profunda angústia se caírem no desemprego, se lhes forem reduzidos os salários, se sem razão absoluta lhes forem negados os ordenados de decência e de justiça”, disse o presidente da ACEGE.

Depois de salientar que a empresa é um “corpo vivo” que não se pode deixar morrer, o que exige “decisões sábias, frias e racionais e, por vezes, muito difíceis”, António Pinto Leite referiu que “o que cria mais angústia aos empresários cristãos é pensar que poderão ser confrontados com circunstâncias inevitáveis de causar sofrimento social”.

“A crise vai tocar a todos. Parece-me inevitável que em 2011 os «bunkers» [instituições sólidas] da economia portuguesa sejam todos atingidos”, anteviu o empresário, acrescentando que a ACEGE quer servir de “inspiração” para a sociedade.

A Associação vai prosseguir o seu projecto social, denominado “Fundo do Bem Comum”, cujas verbas, financiadas por cinco entidades bancárias e geridas por uma sociedade de capital de risco, vão apoiar projectos que envolvam desempregados com mais de 40 anos.

O responsável referiu-se igualmente aos grupos “Cristo e a Empresa”, que aliam a “partilha espiritual”, ao confronto das “práticas empresariais” com a Doutrina Social da Igreja, que têm proporcionado uma “comunhão extraordinária”.

A ACEGE quer também insistir no respeito pelos prazos de pagamento: “Não vale a pena fazermos grandes homilias sobre o nosso ‘dever ser’ se o mínimo ético não é cumprido”, realçou António Pinto Leite.

Na Missa que antecedeu a conferência, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirmou que a “prioridade do cristianismo não está naquilo que se faz, mas no que se é”.

O cristão “aceita rupturas consigo mesmo e com os outros”, afirmou, sublinhando que elas podem implicar “tensões” que “não levam necessariamente à conciliação”.

Para D. José Policarpo, a relação pessoal com Deus é essencial para a transformação da sociedade: “Cristo não é profeta nem doutrinador”, mas o único que pode “mudar o ser interior” e, portanto, “toda a maneira de estar presente na História”.

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