Primeira visita de um Papa à península arábica marcada por declaração inédita com líder sunita e Missa para mais de 130 mil católicos
Abu Dhabi, 05 fev 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco encerrou hoje em Abu Dhabi a sua visita aos Emirados Árabes Unidos, a primeira de um pontífice católica à península arábica, numa cerimónia oficial que decorreu no aeroporto presidencial, com a presença do príncipe herdeiro.
Após a troca de cumprimentos entre as delegações do Vaticano e dos Emirados Árabes Unidos, Francisco embarcou no avião B787 da Ethiad com destino ao aeroporto de Ciampino, em Roma, onde deverá chegar por volta das 17h00 (16h00 em Lisboa), depois de o Bahrein, Kuwait, Iraque, Turquia, Bulgária, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Grécia e Itália.
O Papa chegou a Abu Dhabi no domingo à noite e na segunda-feira encontrou-se com o príncipe herdeiro, xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, para a cerimónia oficial de boas-vindas aos Emirados Árabes Unidos.
Horas mais tarde, Francisco e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram a Declaração de Abu Dhabi, apresentada como “histórica” pelo Vaticano, que condena o terrorismo e a intolerância religiosa.
“Pedimos a todos que deixem de usar as religiões para incitar o ódio, a violência, o extremismo e o fanatismo cego, e que se abstenham de usar o nome de Deus para justificar atos de assassinato, exílio, terrorismo e opressão”, refere o documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum.
A assinatura decorreu durante encontro inter-religioso sobre a fraternidade humana, que decorreu nos Emirados Árabes Unidos.
“Os cristãos fazem parte da nossa região. São cidadãos desta nossa nação, não são uma minoria. Têm direitos e responsabilidades”, disse o xeque Ahmad al-Tayyeb.
Já o Papa apelou à rejeição da violência em nome da religião e ao respeito pelos direitos de todas as pessoas.
“Reconhecer os mesmos direitos a todo o ser humano é glorificar o Nome de Deus na terra. Assim, em nome de Deus Criador, é preciso condenar, decididamente, qualquer forma de violência, porque seria uma grave profanação do nome de Deus utilizá-lo para justificar o ódio e a violência contra o irmão. Religiosamente, não há violência que se possa justificar”, declarou, no seu primeiro discurso da viagem à península arábica.
Hoje, Francisco presidiu à Missa conclusiva da sua viagem, a primeira Eucaristia celebrada por um pontífice na península arábica.
“É uma alegria que dá paz mesmo na dor, que já agora nos faz saborear a felicidade que nos espera para sempre. Amados irmãos e irmãs, na alegria de vos encontrar, esta é a palavra que vim dizer-vos: Felizes!”, referiu, na homilia da celebração.
A multidão recebeu Francisco em festa no Zayed Sports City, onde o pontífice quis sublinhar a simplicidade da “vida cristã”, rejeitando que esta seja uma “lista de prescrições” ou um “conjunto complexo de doutrinas”.
Segundo a organização, nas mais de 130 mil pessoas presentes estavam representadas cerca de 100 nacionalidades, bem como um grupo de 4 mil muçulmanos.
Ao deixar o país, o Papa enviou uma mensagem ao presidente dos Emirados, xeque Khalifa Bin Zayed Al-Nahyan, agradecendo pelo “caloroso acolhimento e a generosa hospitalidade” no país.
Durante a viagem, o Papa Francisco, o grande imã de Al-Azhar e o príncipe herdeiro assinaram as primeiras pedras da nova Igreja de São Francisco e da Mesquita do Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, em Abu Dhabi, simbolizando os “valores da tolerância, da integridade moral e da fraternidade humana”.
Esta foi a 27ª viagem internacional do pontificado; o Papa vai visitar Marrocos, nos dias 30 e 31 de março.
OC
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