Educação: Bispo da Guarda transmitiu preocupações ao presidente da República

Solução deve ser a que «serve mais e melhor as pessoas», salientou D. Manuel Felício sobre a polémica dos contratos de associação

Guarda, 06 jun 2016 (Ecclesia) – O bispo da Guarda falou com o presidente da República sobre a polémica entre o Governo e as escolas privadas com contratos de associação com o Estado, e defendeu maior abertura à iniciativa da sociedade civil.

Segundo um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, D. Manuel Felício salientou que em causa está sobretudo “escolher o modelo que serve mais e melhor as pessoas”.

E nesse âmbito “a sociedade civil dispõe de um capital de saber que não pode ser desprezado”, apontou o responsável católico.

Para D. Manuel Felício, “a questão da educação não é económica” mas “ideológica”.

Caso contrário, não haveria nenhum problema em “proporcionar” um modelo de Educação em que “o financiamento” viesse dos “impostos” e desse a “cada um liberdade total para escolher o ensino que deseja”.

“Este é um debate que está por fazer mas urge fazê-lo, sem medo das consequências”, acrescentou o responsável católico, reforçando que é preciso “coragem” para avançar com a melhor solução para as populações, mesmo que ela “ponha em causa interesses corporativos instala­dos”.

O bispo transmitiu estas preocupações a Marcelo Rebelo de Sousa durante o 12.º congresso nacional da União das Misericórdias Portuguesas, que decorreu entre dia 02 e 04 de junho no Fundão.

Na opinião de D. Manuel Felício, o que se passa atualmente na Educação estende-se ao Setor Social e à Saúde.

“Há que continuar e aprofundar a cooperação até agora conseguida, em vez de criar novas instituições de tutela estatal onde temos outras com tradição e a funcionar bem”, sustentou o prelado, referindo o caso da Santa Casa da Misericórdia do Fundão.

“Nesta cidade houve esforços para devolver à Misericórdia o seu antigo hospital trazendo vantagens de vária ordem para as populações locais e para as finanças do Estado. Porque não chegaram a bom termo esses esforços? É pergunta que, com legitimidade, o nosso público tem direito a fazer e a encontrar quem lhe responda”, complementou.

Sobre o interior do país, o bispo da Guarda considerou que falta uma “discriminação fiscal positiva capaz de entusiasmar as empresas a investir” naquele território.

“Há bens de consumo que, sendo de menor qualidade entre nós, pagamo-los mais caro do que nos grandes centros”, referiu o prelado, dando como exemplos as “autoestradas” e a “energia no inverno”.

D. Manuel Felício recordou que está em causa uma região cujo “rendimento situa-se abaixo dos 70 por cento da média nacional, quando nos grandes centros duplica esta média”.

JCP

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