Ecos do V Encontro Mundial das Famílias

Na semana de 4 a 9 de Julho de 2006, subordinado ao tema “a Transmissão da Fé na Família”, decorreu, em Valência, o V Encontro Mundial das Famílias, com a presença, no final, nos dias 8 e 9,do Papa Bento XVI e de mais dum milhão de pessoas. O encontro com o Papa foi precedido pela “Feira das Famílias” e pelo Congresso Teológico-Pastoral Internacional, com centenas de Bispos, Sacerdotes e agentes de pastoral e de mais de 10.000 famílias, em que intervieram teólogos e especialistas na problemática familiar e ainda, paralelamente, pelos Congressos dos Filhos ( de 16 a 25 anos) e dos Avós, a mostrar a importância da família alargada na transmissão da fé, para tudo culminar na alegria do encontro com Bento XVI. Com simplicidade e clareza, o Papa, contornando a polémica com as forças adversas da sociedade espanhola e ocidental, recordou, no Encontro de Sábado e na homilia de Domingo, a Verdade que a Igreja proclama e o Catecismo da Igreja Católica ensina: “ Deus que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os, no Matrimónio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre eles, de modo que já não são dois, mas uma só carne ( Mt 19,6 )” ( CIC, 337 ). Retomando João Paulo II, Bento XVI explicou que “ o homem se tornou ‘ imagem e semelhança’ de Deus não só mediante a própria humanidade, mas ainda mediante a comunhão das pessoas, que o homem e a mulher formam desde o princípio”. A família, como ‘instituição intermédia entre o indivíduo e a sociedade’, é um tesouro e um bem necessário e insubstituível, para a sociedade, para os esposos e para os filhos e como ‘Igreja doméstica e santuário da vida’ deve ser defendida e amparada pelas redes de apoio das paróquias e das associações eclesiais. O Papa disse que à família, sinal e prolongamento sacramental do amor benevolente de Deus compete transmitir a fé e o amor e formar pessoas livres e responsáveis, pois, ao contrário do que as “expressões duma liberdade anárquica”, a banalização do amor e das relações humanas, com a privação do seu valor e beleza, querem inculcar, “ promover os valores do casamento não impede que se goze plenamente a felicidade que o homem e a mulher encontram no seu amor mútuo. A fé e a ética cristãs, portanto, não pretendem abafar o amor, mas sim fazê-lo mais são, forte e realmente livre. Para isso o amor precisa de ser purificado e de amadurecer para ser plenamente humano e princípio duma alegria verdadeira e duradoura”. Subjacente a esta catequese do Papa estão os 3 vínculos que afloram no Discurso de Latrão de 5 de Julho de 2005: do homem com Deus; do corpo com o espírito na constituição do ser humano; dos quais brota o vínculo entre pessoa e instituição, a exigir inteireza, perenidade e a fidelidade do sim aberto ao futuro que o homem e a mulher dão um ao outro. Na homilia de Domingo, partindo de Ester que confessa “ no seio da família, ouvi desde criança, Senhor, que escolheste Israel entre todos os povos” ( Est,14,5) e de Timóteo que recebeu a fé cristã da avó Loide e da mãe Eunice (cf. 2 Tim.1,5), o Papa notou que ninguém se deu a si mesmo a existência, nem adquiriu por si mesmo os conhecimentos elementares para a vida. Todos recebemos de outros a vida e as verdades básicas para a mesma e somos chamados a alcançar a perfeição em relação e comunhão amorosa com os outros”, pois, “ com a vida recebemos todo um património de experiência, que os pais têm o direito e o dever inalienável de transmitir aos seus filhos”. Na origem do ser humano está a decisão de Deus Criador, que é amor, de modo que “ todas as gerações, toda a paternidade e maternidade, toda a família, têm o seu princípio em Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo”. Évora, 15 de Setembro de 2006 + Amândio José Tomás

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top