Documento de Conclusões das jornadas pastorais do Clero da Diocese do Porto

«Aprender a missão com São Paulo» Entre os dias 13 e 16 de Janeiro de 2009, tiveram lugar, na Casa Diocesana de Vilar, as Jornadas Pastorais para o Clero da Diocese do Porto, sob a orientação de Dom António Couto, Bispo Auxiliar de Braga. Nelas participaram Dom Manuel Clemente e os bispos auxiliares, mais de setenta presbíteros, dois diáconos e dois seminaristas do Seminário Redemptoris Mater. Foram três dias consecutivos, em que a exposição sábia e atraente do Conferencista foi amplamente reflectida, pelos diversos grupos de trabalho e partilhada nas reuniões do Plenário! De certo modo, foi um tempo de (re) descoberta da figura de “São Paulo, como modelo de evangelizador”. Da graça, oportunidade e interpelações destas Jornadas queremos dar testemunho ao Povo de Deus, tendo em conta que a riqueza maior destes encontros brota, como sempre, da experiência de comunhão eclesial, vivida e partilhada, ao longo destes dias, na oração e na celebração, na refeição e no convívio fraternos. Ainda assim, atrevemo-nos a resumir, em alguns tópicos, as grandes intuições, que o Apóstolo Paulo nos deixa, para uma verdadeira arte pastoral, perante a urgência de uma nova evangelização. Assim: 1. Aprendemos de Paulo a sermos primeiramente “de Cristo”, “agarrados por Ele” ensinados por Ele, tendidos para a frente e estendidos para Ele, como recebedores da sua graça, como se em tudo o que somos e fazermos, vivêssemos permanentemente «agrafados a Ele», até nos tornarmos seus imitadores. 2. Aprendemos de Paulo a sermos homens de uma só coisa, a tempo inteiro, concentrados e orientados completamente para Cristo, “como uma seta directa a uma meta, a um alvo, a um objectivo tão intenso e claro, que na vida de cada um só poder haver um”. Hão-de ser as coisas de Deus e as coisas da comunidade a merecer o nosso zelo pastoral. 3. Aprendemos de Paulo, que somos o que somos, pela graça de Deus e que o nosso apostolado decorre dessa graça, que é, para nós, como para o Apóstolo, a verdadeira nascente da vida quotidiana. Há-de dizer-se de nós, como de Paulo, que “a sua vida privada era a apostólica”. Somos chamados a levar, por diante, uma evangelização vivida e afectiva, personalizada e a tempo inteiro e até ao fim. 4. Aprendemos de Paulo que a evangelização deve começar, não tanto por apresentar ideias, mas por proporcionar encontros, de modo a facilitar “o encontro” das pessoas com Cristo, como base da identidade e da missão de cada cristão, num mundo paganizado, insensibilizado, de braços caídos, ao qual é preciso levar o lume de Cristo! 5. Aprendemos de Paulo a correr mais por dentro, e não “a correr por fora”, “a correr agarrados, numa mão a Cristo e noutra apertando a de um irmão e outro irmão, como uma verdadeira multidão em comunhão”. Cristo há-de ser aquele que a todos une, que a todos nos hifeniza, isto é, que a todos nos liga, em rede de comunhão. Importa despertar e formar a consciência de todos os membros da Igreja, para que se sintam verdadeiramente “comunidade dos chamados”, grupo dos escolhidos por Deus e que respondem ao seu chamamento. 6. Aprendemos de Paulo que ninguém evangeliza sozinha, decorrendo daí a absoluta necessidade de chamar, apoiar e formar muitos e bons cooperadores, com uma metodologia de evangelização, assente numa relação personalizada, íntima e calorosa, coração a coração. O título de cooperadores mostra que no trabalho de evangelização não há trabalhadores solitários, por conta própria. 7. Aprendemos de Paulo a dar testemunho de Cristo, com uma dedicação maternal e paternal, a cada um e a tempo inteiro, “gerando” filhos, dando-os à luz na dor, acalentando-os, exortando-os um a um, portanto, com tempo e total dedicação, persistência, paciência e zelo. 8. Aprendemos de Paulo, que as nossas relações pessoais e pastorais hão-de ser sempre quadrilaterais: cada um evangeliza sempre com os outros, está ao serviço de uma comunidade, como servidor da sua alegria, e todos estão unidos pelo mesmo amor de Cristo, que ama e chama cada um. “Cooperadores precisam-se, para formar uma rede de evangelizadores. Já ouvistes chamar pelo teu nome”?! 9. Aprendemos de Paulo que a missão é «obra da graça» e «trabalho de amor» e que este trabalho, não se faz sem luta! Trabalhamos e lutamos, ou trabalhamos lutando, esperando também do Povo de Deus, que “lute connosco, nas orações”! 10. Aprendemos de Paulo a valorizar a «casa» e a família, como lugar e protagonista da evangelização, aprendendo, daí, a construir também a «casa da Igreja», como novo espaço relacional, verdadeira família de Deus. Em conclusão, sabemos que o nosso serviço de evangelização já não pode consistir simplesmente em evangelizar o outro, até um certo ponto (até ser crismado, por exemplo) mas em evangelizá-lo, até que ele, enamorado de Cristo, sinta a necessidade de se constituir em evangelizador. Destas intuições, pudemos colher e acolher de São Paulo, estilos, metodologias, e desafios pastorais, que nos preparam agora para abraçar, com novo ardor, o objectivo próximo já definido pela Diocese e que dá pelo título de “Missão 2010. Corresponsabilidade para uma nova Evangelização”. Confiamo-nos a Maria, figura por excelência da graça, daquela graça, que “tem tempo e jeito maternal; descobre sempre alguém para embalar; a graça só sabe dizer sim; a graça é Deus a olhar por mim, sou eu também a olhar por ti, assim” (Dom António Couto). Porto, 16 de Janeiro de 2009

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