Direitos Humanos: Comunidade cristã «continua a ser a mais perseguida no mundo», alerta Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

Secretariado português da AIS apresenta Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa no Mundo 2023

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 22 jun 2023 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta que a comunidade cristã “continua a ser a mais perseguida no mundo”, segundo o Relatório 2023 sobre Liberdade Religiosa, que é apresentado hoje na Assembleia da República.

“Houve uma degradação da liberdade religiosa no mundo e o principal continente onde isso aconteceu foi em África. Em 21 dos 54 países houve atos violentos de perseguição e discriminação de violência extrema, é o continente que demos mais atenção, mais enfoque, porque de facto houver uma degradação muito grande da situação da liberdade religiosa”, explicou a diretora da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em Portugal, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo Catarina Martins Bettencourt, Moçambique é um dos países que a AIS deu “destaque pelas piores razões”, por causa da presença de grupos radicais na zona norte do país lusófono, mas depois, ainda no continente africano, “toda a região do Sahel”, países como o Mali, o Níger, a Nigéria, a República Democrática do Congo, onde “há a atuação e violência jihadista, que tem levado à morte de muitas pessoas e à fuga de milhões de pessoas”.

“Como sabemos África é um continente com milhões de pessoas que vão fugindo de um local para outro à procura de segurança para si e para as suas famílias”, acrescenta.

O novo Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa no Mundo, que a da Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre publica de dois em dois anos, analisa o período de janeiro de 2021 até dezembro de 2022, em África e na Ásia esta questão da liberdade religiosa “teve uma deterioração ao longo destes dois anos que foram analisados”.

A diretora da AIS Portugal salienta que uma das conclusões deste relatório é que um terço dos países do mundo, “em 61 dos 196 analisados, cerca de cinco mil milhões de pessoas são perseguidas”, e, nesta análise, “estão dois dos países mais populosos do mundo”.

“A China e a Índia, de ano para ano, têm aparecido nesta qualificação como países onde há perseguição religiosa e continuamos a olhar para a Ásia, mas também para o Médio Oriente como regiões onde a liberdade religiosa não é respeitada”, observou.

Esta presença de um regime autoritário tem trazido problemas gravíssimos para a população, principalmente para aqueles que não fazem parte da religião oficial. No caso da Índia, é considerado um país hindu, todas as outras religiões neste período em análise sofreram uma perseguição mais elevada até ao passado recente, por causa do regime autoritário”, desenvolveu Catarina Martins Bettencourt, realçando que “há casos bastante graves”.

Segundo o novo relatório da fundação pontifícia, a comunidade cristã “continua a ser a mais perseguida no mundo”, e, neste exemplo, a entrevistada destaca a Nigéria, “um dos países mais populosos de África”, onde “cerca de 50% da população é cristã” e tem sido “a mais perseguida”, pelos grupos radicais, como pelos pastores nómadas Fulani, que “têm aumentado muito a violência sobre os agricultores, que normalmente são cristãos”, neste país.

No continente Americano, a Nicarágua foi identificada com a cor vermelha, “quer dizer perseguição”, com encerramento de estações de televisão e rádios, a “prisão de sacerdotes”, de um bispo, “a expulsão de religiosos”, e a AIS está preocupada com a situação esta Igreja e “a olhar com muita atenção nos últimos tempos”.

“Pela primeira vez temos um país com esta cor vermelha no mapa, quer dizer perseguição, o nível máximo da qualificação que temos; tudo por causa da pressão que a Igreja tem feito e denunciado vários casos que o regime de Daniel Ortega tem feito”, explica.

No período em análise do relatório, contextualiza a diretora da AIS Portugal, houve a pandemia Covid-19 e o início da guerra na Ucrânia, “com consequência a inflação, as tensões no Mar da China”, e tudo fez com que a “perceção e o olhar sobre a liberdade religiosa ficasse desviada para outros assuntos que o mundo considerou mais importantes”.

O secretariado português da AIS apresenta esta tarde, a partir das 19h00, o Relatório 2023 sobre Liberdade Religiosa no Mundo 2023, na Assembleia da República, em Lisboa; uma sessão de lançamento com reflexão e testemunho, encerrada por Augusto Santos Silva, o presidente da Assembleia da República.

“Ir à Assembleia da República é muito importante para nós. É preciso estarmos junto destes órgãos decisores, mostrar o que se está a passar para que depois possa ter impacto positivo nas comunidades perseguidas no mundo”, concluiu Catarina Martins Bettencourt, na entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, pelas 16h37.

PR/CB/OC

 

 

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